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Escultor regressa às origens para mostrar a delicadeza de pedras e arames velhos

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Figueira de Castelo Rodrigo: Escultor regressa às origens para mostrar a delicadeza de pedras e arames velhos


Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, 11 Out (Lusa) - Figuras de mulheres que lembram pássaros e de aves que lembram outras aves saem das mãos do escultor Victor Sá Machado, que, em vinhas desactivadas da Beira Alta, recolhe velhos arames que, juntamente com pedras, servem de matéria-prima.



Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, 11 Out (Lusa) - Figuras de mulheres que lembram pássaros e de aves que lembram outras aves saem das mãos do escultor Victor Sá Machado, que, em vinhas desactivadas da Beira Alta, recolhe velhos arames que, juntamente com pedras, servem de matéria-prima.

Natural de Lisboa, Victor Sá Machado, vive desde 2005 em Escalhão, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, porque decidiu regressar às origens, ali, onde o pão é famoso e o vinho já não corre das vinhas dos seus pais.

Com formação no Instituto de Artes Visuais e Design de Lisboa, Victor trabalhou em publicidade e televisão - em trabalhos como os "Jogos Sem Fronteiras" ou a telenovela "Chuva na Areia", entre outros em que participou como cenógrafo e aderecista - e também como desenhador gráfico e caricaturista.

Os anos oitenta encontraram-no na companhia de teatro A Barraca, onde iniciou uma paixão pelo "faz de conta" e a prática com diversos materiais como a esferovite, a borracha, o latex e a fibra de vidro.

O regresso à terra da sua infância era um projecto que tinha contratado com o tempo, porque se cansou de uma Lisboa muito "antipática", que quis deixar diariamente, para ir fazer escultura e aproveitar os materiais da sua região.

Tudo começou com o arame - "um dia tenho de dar destino aquele arame" - e com o tempo que só os artistas sabem medir.

Victor descobriu um local em Barca d'Alva, onde "se diz já ter existido" um mar interior, e aí recolhe uma pedra consistente, que na prática para ele "já está toda trabalhada".

"A minha opção não é trabalhar a pedra, é aproveitá-la tal como a encontro, quando ela me sugere uma figura", diz à Agência Lusa, acrescentando que, por vezes, desloca-se a esse local com um fim selectivo, na busca de um nariz ou uma boca, um elemento necessário, para rendilhar as peças que trabalha no seu minúsculo atelier.

"Gosto é de fazer senhoras" - porque é um grande desafio - e fazê-las terem "força e, ao mesmo tempo, serem delicadas", transformar o "rude, forte e pesado" no "equilíbrio e na delicadeza de uma mulher".

"Sobretudo, espero que as minhas peças sejam divertidas. As coisas não podem ser demasiado sérias e dramáticas, porque as pessoas procuram algo que as espante, pela contradição e pela ironia", explica.

Recentemente, expôs no Instituto de Camões, no Luxemburgo, e em Novembro vai estar em Panharanda de Bracacamonte, do outro lado da raia, em Salamanca.

A autarquia local tem sido "simpática para mim", no apoio logístico e no transporte das peças, "mas, de uma maneira geral as câmaras locais preocupam-se muito com as pessoas que saem para as cidades e ligam pouco aos que regressam à terra", sublinha Victor Sá Machado, acrescentando peremptório: hoje "pertenço mais aqui do que a Lisboa".

O escultor gostava que no seu concelho existisse um grupo de teatro "a sério", porque é uma actividade importante para captar a juventude, "obriga a abrir horizontes culturais e não permite viver na ignorância como outras actividades mecânicas".

Na família são todos artistas, os irmãos arquitectos desenharam-lhe a futura casa que está a construir em Escalhão, onde um novo atelier o espera, para novas propostas no "mundo das formas", esculpidas na memória e na tradição de "ser granítico, de ir aos arames e de ser beirão".


Lusa/Fim
 
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