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A obra do escritor António Lobo Antunes faz dele «não apenas um grande escritor português mas um dos grandes autores da literatura contemporânea», afirmou o encenador francês Georges Lavaudant.
O actor e encenador francês é o responsável por 'Estado Civil', o espectáculo de abertura da temporada dedicada a António Lobo Antunes pelo teatro MC93, em Bobigny, a norte de Paris, de Janeiro a Junho de 2011.
A apresentação de 'Estado Civil', estreado a 14 de Janeiro, coincide com o lançamento da tradução francesa de 'O Meu Nome é Legião', que António Lobo Antunes apresenta hoje na embaixada de Portugal em Paris e, terça-feira, numa sessão pública de leitura e debate.
«Lobo Antunes é um dos grandes, grandes escritores da literatura contemporânea. Não é apenas um escritor de Portugal», declarou Georges Lavaudant numa entrevista sobre a sua encenação de textos do escritor português no teatro MC93.
'Estado Civil', explicou o encenador, «é um título irónico, à maneira do próprio Lobo Antunes, que usa bastante de ironia. Não se pode apresentar um autor a não ser pela sua obra. Não é possível dar um estado civil a um escritor como Lobo Antunes mas é possível apresentar os seus temas e o seu estilo».
Georges Lavaudant cita, por isso, «na voz do próprio Lobo Antunes através da voz de um ator em palco», a resposta da atriz Sarah Bernhardt a um admirador que a encontra numa rua de Paris e lhe pergunta se é mesmo ela: «Serei Sarah Bernhardt logo à noite», retorquiu a actriz.
«Da mesma maneira, Lobo Antunes diz-nos que um escritor é quando ele escreve. A sua pessoa, o que come ou onde vive ou as pessoas com quem se relaciona são outra coisa», acrescenta Georges Lavaudant.
'Estado Civil' é construído a partir de entrevistas dadas pelo autor português à jornalista Maria Luisa Blanco do diário espanhol El Pais.
«O que torna Lobo Antunes um grande escritor é o seu estilo», diz Georges Lavaudant, que reconhece que durante muito tempo «pegava nos livros dele e, pela leitura da contracapa, dizia(-me) que não devia ser muito interessante».
O encenador reconhece que a escrita do autor português «é difícil de início. É preciso ultrapassar as primeiras 30 ou 40 páginas. Mas depois, fiquei siderado pelo seu estilo, pela forma como envolve os diferentes temas e tempos».
Em 'Estado Civil', Georges Lavaudant sentiu a responsabilidade de apresentar «um autor que é muito conhecido entre os seus aficionados mas que não é um escritor de grande público».
A obra, por isso, procura ser um «poema dramático» feito de sons, gestos, movimentos, «uma biografia algo ficcionada, com algo de (José Luis) Borges. Não procurei verdadeiras situações teatrais», resume o encenador.
Mesmo assim, alguns dos temas «portugueses» de Lobo Antunes aparecem em palco, diz Georges Lavaudant. «Um Portugal quase felliniano, da guerra colonial, dos bordéis, com uma mistura de dor e culpabilidade, um país com aquelas mulheres desesperadas. Mas há temas importantes da obra de Lobo Antunes que não são abordados, como a psiquiatria».
Georges Lavaudant espera que a temporada do MC93 prove ao público parisiense que «Portugal é um país imenso do ponto de vista cultural».
Para o encenador, «o que é irritante em França e na Europa é a imagem de fado e bacalhau. Felizmente, Portugal é mais do que isso. Lobo Antunes ampliou essa descoberta», conclui.
Lusa/ SOL
O actor e encenador francês é o responsável por 'Estado Civil', o espectáculo de abertura da temporada dedicada a António Lobo Antunes pelo teatro MC93, em Bobigny, a norte de Paris, de Janeiro a Junho de 2011.
A apresentação de 'Estado Civil', estreado a 14 de Janeiro, coincide com o lançamento da tradução francesa de 'O Meu Nome é Legião', que António Lobo Antunes apresenta hoje na embaixada de Portugal em Paris e, terça-feira, numa sessão pública de leitura e debate.
«Lobo Antunes é um dos grandes, grandes escritores da literatura contemporânea. Não é apenas um escritor de Portugal», declarou Georges Lavaudant numa entrevista sobre a sua encenação de textos do escritor português no teatro MC93.
'Estado Civil', explicou o encenador, «é um título irónico, à maneira do próprio Lobo Antunes, que usa bastante de ironia. Não se pode apresentar um autor a não ser pela sua obra. Não é possível dar um estado civil a um escritor como Lobo Antunes mas é possível apresentar os seus temas e o seu estilo».
Georges Lavaudant cita, por isso, «na voz do próprio Lobo Antunes através da voz de um ator em palco», a resposta da atriz Sarah Bernhardt a um admirador que a encontra numa rua de Paris e lhe pergunta se é mesmo ela: «Serei Sarah Bernhardt logo à noite», retorquiu a actriz.
«Da mesma maneira, Lobo Antunes diz-nos que um escritor é quando ele escreve. A sua pessoa, o que come ou onde vive ou as pessoas com quem se relaciona são outra coisa», acrescenta Georges Lavaudant.
'Estado Civil' é construído a partir de entrevistas dadas pelo autor português à jornalista Maria Luisa Blanco do diário espanhol El Pais.
«O que torna Lobo Antunes um grande escritor é o seu estilo», diz Georges Lavaudant, que reconhece que durante muito tempo «pegava nos livros dele e, pela leitura da contracapa, dizia(-me) que não devia ser muito interessante».
O encenador reconhece que a escrita do autor português «é difícil de início. É preciso ultrapassar as primeiras 30 ou 40 páginas. Mas depois, fiquei siderado pelo seu estilo, pela forma como envolve os diferentes temas e tempos».
Em 'Estado Civil', Georges Lavaudant sentiu a responsabilidade de apresentar «um autor que é muito conhecido entre os seus aficionados mas que não é um escritor de grande público».
A obra, por isso, procura ser um «poema dramático» feito de sons, gestos, movimentos, «uma biografia algo ficcionada, com algo de (José Luis) Borges. Não procurei verdadeiras situações teatrais», resume o encenador.
Mesmo assim, alguns dos temas «portugueses» de Lobo Antunes aparecem em palco, diz Georges Lavaudant. «Um Portugal quase felliniano, da guerra colonial, dos bordéis, com uma mistura de dor e culpabilidade, um país com aquelas mulheres desesperadas. Mas há temas importantes da obra de Lobo Antunes que não são abordados, como a psiquiatria».
Georges Lavaudant espera que a temporada do MC93 prove ao público parisiense que «Portugal é um país imenso do ponto de vista cultural».
Para o encenador, «o que é irritante em França e na Europa é a imagem de fado e bacalhau. Felizmente, Portugal é mais do que isso. Lobo Antunes ampliou essa descoberta», conclui.
Lusa/ SOL