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Emprego de pessoas com deficiências. Um mundo de mitos que a realidade desmistifica

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Emprego de pessoas com deficiências. Um mundo de mitos que a realidade desmistifica

Discriminação, dificuldades de adaptação ou absentismo não são problemas tão graves como dizem ideias preconcebidas. Mas são essas ideias que impedem uma maior integração.

Algumas ideias preconcebidas sobre a vida laboral, a produtividade e a progressão na carreira das pessoas com deficiências ou incapacidade (PCDI) chocam com a realidade observada pelos próprios trabalhadores e pelas chefias das empresas onde trabalham, pelo menos nas organizações com mais de 100 trabalhadores. Esta é uma das conclusões do estudo “O emprego das pessoas com deficiências ou incapacidade – Uma abordagem pela igualdade”, do Gabinete de Estudos e Planeamento (GEP) do Ministério da Segurança Social, agora divulgado pelo governo a pedido do grupo parlamentar do PSD.

Com o objectivo de “caracterizar o acesso e a participação das pessoas com deficiências ou incapacidade no mercado de trabalho em Portugal Continental, nomeadamente nas empresas com 100 ou mais trabalhadores”, o estudo começa por lembrar que, “dadas as características da amostra”, esta só é representativa para o universo das grandes empresas, “não sendo pois possível serem inferidos resultados para o total das empresas/organizações, até porque a maioria do sector empresarial português é constituído por PME”.

O trabalho estabelece de início o retrato das PCDI e da evolução da sua empregabilidade, que entre 1998 e 2008 cresceu 26%, contra o crescimento de 7,7% na empregabilidade geral. Neste crescimento salienta-se o salto dado pelas mulheres (+75,6%), “alterando substancialmente a relação de masculinidade observada em 1998, que passou de 70,2% (H) e 29,8% (M) para 58,3 % e 41,7% em 2008”.

Nas 202 empresas estudadas, com um total de 146,7 mil trabalhadores, 1720 tinham alguma deficiência ou incapacidade reconhecida, diz o GEP. Entre estes, 14,4% tinha o nível de bacharel, licenciatura ou mestrado/doutoramento, “observando-se assim uma evolução considerável por comparação com o estudo de 1993”. A esmagadora maioria (95%) dos funcionários tinham ainda contrato de trabalho permanente ou sem termo, “facto que aponta para estabilidade no emprego”.



mitos vs. realidade

Alguns dos pontos focados no estudo são as medidas e os programas de incentivo ao emprego de PCDI, tendo sido dado como comprovado pelo GEP que, apesar de as medidas serem “considerados importantes pelos empregadores, na maioria dos casos não foram decisivas na contratação (61,4%”. Ainda assim, “cerca de 28% das empresas / organizações inquiridas beneficiaram de incentivos públicos à contratação”.

Outra constatação reside no “processo de integração” destes trabalhadores, “que decorreu sem problemas na quase totalidade das situações (90,1%), facto que desmistifica o preconceito em relação à capacidade de integração profissional das PCDI”. Também o nível de absentismo destes trabalhadores “não é superior ao dos demais colaboradores”, salienta o GEP, que lembra: “No que respeita ao desempenho profissional dos trabalhadores com deficiências ou incapacidade, os estudos são unânimes em considerá-los tão produtivos como os demais.” O facto também é verificado neste estudo: “Os dados obtidos na investigação comprovam que 89,6% das entidades empregadores se consideram satisfeitas (66,3%) ou muito satisfeitas (23,3%) com o desempenho destes funcionários”, tendo 86,7% das empresas considerado os trabalhadores “produtivos ou muito produtivos”.


O problema dos mitos

Todo este conjunto de conclusões permite ao GEP avançar que “os bons resultados obtidos nas competências avaliadas contribuirá certamente para contrariar ideias preconcebidas em alguns sectores de que contratar pessoas com deficiência ou incapacidade é sobretudo um acto de responsabilidade social da empresa”.

Mas se as conclusões são positivas, também levantam preocupações, já que contrastam com a visão “negativa da situação laboral das pessoas com deficiências ou incapacidade em Portugal”. No âmbito do estudo foi perguntado às 202 empresas se, e sem recorrer à sua própria experiência, achavam que estes trabalhadores eram considerados “pelos empresários menos produtivos do que as pessoas sem deficiências ou incapacidade”. Mais de 60% responderam que sim. A ideia pode estar a impedir uma maior integração destes trabalhadores no mercado.

Outra conclusão do GEP está relacionada com os problemas de integração dos PCDI. “Os dados parecem comprovar a teoria que afirma que o problema de inclusão profissional das PCDI não reside na pessoa e na sua incapacidade, mas sobretudo em factores exógenos, como as condições físicas e tecnológicas de alguns contextos, situação que poderá ser melhorada num futuro próximo”, isto se as organizações recorrerem “com mais frequência às medidas e incentivos públicos”.

i-online

Fonte: deficiente-forum
 
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