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- Jun 7, 2009
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Desenvolver projectos que possam marcar a diferença é o grande objectivo de Pedro Silva. Aos 28 anos - acabados de fazer - o jovem licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática não só fundou a sua própria empresa, como conseguiu transformá-la, apesar da crise, numa das mais promissoras na áreas das tecnologias e da multimedia, com clientes tão diferenciados como a Warner Bros, o Montepio ou o Governo dos Açores. E com lucros assegurados logo nos dois primeiros anos de existência. É obra!
Nascido e criado em Braga, foi aí que Pedro completou o liceu e os estudos universitários. Crente que o seu futuro estaria nas Artes, foi essa a área de estudos que seguiu, embora achasse por bem, por mera precaução, manter as disciplinas de Física e Matemática. "Foi isso que me salvou. A dada altura percebi que não era aquilo que queria e que o que me interessava mesmo era a informática", explica.
Quando tomou conhecimento do curso de Engenharia de Sistemas e Informática achou que tinha "muito potencial". Até já se imaginava a trabalhar na área dos video-jogos, uma profissão de sonho para qualquer jovem. Concorreu e ainda nem 18 anos tinha quando foi admitido na Universidade do Minho. Um universo novo, e de tal forma entusiasmante que acaba por deixar tudo para trás e esquecer-se dos objectivos. "Sabe como é, somos novos, a borga é fixe, e em três anos acabei por fazer, apenas, quatro cadeiras", admite.
Aos 22 anos, a frequentar o segundo ano do curso e apenas com quatro cadeiras concluídas, achou por bem tratar de se endireitar. Pode-se dizer que foi sucedido, na medida em que fez 17 cadeiras num único ano e transitou do 3º para o 5º ano de uma vez só. "As notas não foram grande coisa, nem podia ser, mas ao menos consegui remediar, um pouco, o que estava para trás", reconhece Pedro Silva. Pelo caminho ficou o sonho de menino de ser futebolista, fruto de uma série de lesões no joelho. "Jogo Pro Evolution Soccer. É parecido, corro e marco golos, só que é virtual, como quase tudo no meu mundo", diz.
Foi quando começou a namorar com a Bárbara Barreira, hoje sua mulher e a responsável pela área administrativa na empresa, a CreativeBitBox (forma de aludir à criatividade de um computador), que Pedro Silva abriu horizontes para além da área de programação que o seu curso de informática lhe proporcionava e se começou a interessar pelo segmento da multimedia. Daí a desenvolver o seu próprio projecto foi um passinho e assim nasceu o EXHIBIT, um software que permite tornar qualquer superfície interactiva e que hoje é o ex-libris da empresa. "Num mundo de marketing emergente, em que tudo comunica e tudo 'fala', porque não tornar todas as superfícies interactivas? Foi esse o desafio maluco que lancei a mim mesmo já no términus da faculdade, mas que se revelou interessantíssimo", diz. Pedro não fazia a mínima ideal do potencial comercial ou empresarial que a ideia continha, mas estava decidido a avançar. Já Pedro Gonçalves, com vasta experiência na área comercial e, hoje, seu sócio, rapidamente percebeu o potencial de negócio.
"O Pedro era namorado de uma amiga de longa data da minha mulher e conhecemo-nos num casamento, na prova dos vestidos. Ficamos os dois à espera delas e, para evitar aquela situação constrangedora, fomos conversando.... O Pedro rapidamente apreendeu o potencial da ideia e aderiu ao projecto, por isso, em Janeiro de 2008, foi tempo de juntar os troquinhos todos para comprar o primeiro computador, o primeiro projector, enfim, fazer o que se podia com cinco mil euros", conta.
Um mês depois, a CreativeBitBox já tinha dois clientes "muito interessantes": a Unicer, com um projecto para a Super Bock, e o Mon-tepio Geral. A partir daí, foi só continuar a angariar novos clientes.
"O pouco tempo de existência da empresa, que até então constituía uma desvantagem, passou a ser um ponto a nosso favor. Apesar de sermos uma empresa muito jovem tínhamos uma carteira de clientes que provavam o nosso potencial", refere Pedro Silva. Mas o grande pontapé de saída na notoriedade da CreativeBitBox e do EXHIBIT surgiu em Junho de 2009, com a atribuição do Prémio Jovem Empreendedor, da Associação Nacional de Jovens Empresários. "Trouxe-nos a notoriedade que advém da procura dos media, o que nos trouxe novos clientes. Nós que estávamos a pensar criar um departamento de marketing para dar a conhecer a nossa empresa e os nossos produtos, mas que não tínhamos capacidade financeira para isso, acabamos por não precisar de o fazer. Eles vêm ter connosco. Temos angariado clientes com exposição gratuita, o que é fantástico", salienta o jovem empresário.
E o que começou por ser uma aventura a três, é hoje uma equipa de 11 pessoas numa empresa que vai já no segundo ano de actividade e, tudo o indica, o segundo ano de lucros. "Não sabemos o que seja a crise. Nunca a sentimos. E se isto é um período de crise, estou ansioso para ver como correm os negócios em época de prosperidade", graceja. Os 200 mil euros de facturação obtidos em 2008 vão este ano ser duplicados e a expectativa aponta para um volume de negócios da ordem do meio milhão de euros. E para 2010 as perspectivas são, novamente, de duplicação de vendas.
O mais recente produto disponível, dentro da visão por computador, é a mesa multitouch. "A Microsoft tem uma disponível mas apenas com 30 polegadas, a nossa tem 50 polegadas standard, o target são as escolas, para os jogos didácticos, mas podemos aplicar a tecnologia a um balcão de um banco", explica. Ou num restaurante, onde o cliente interage com a mesa, visualiza a ementa, escolhe e faz a encomenda, que segue directamente para a cozinha. "Quando eu digo estas coisas respondem-me que eu quero é acabar com o emprego no mundo. Eu levo a vida muito na desportiva, sou muito descomplicado, mas tenho consciência que o que faço tira empregos mas acredito que, paralelamente, estou a abrir caminho para outros empregos. Não sou socialmente irresponsavelmente", diz o jovem empresário. E para o provar partilha um dos seus grandes sonhos: "Gostava muito de, um dia, desenvolver aplicações para deficientes a custo zero. Há tanta coisa que pode ser feita para melhorar a vida dos invisuais"
Fonte: Diário de Noticias