Portal Chamar Táxi

Notícias Elevador da Glória. Fossa não terá sido inspecionada no dia do acidente

Lordelo

Sub-Administrador
Team GForum
Entrou
Ago 4, 2007
Mensagens
47,678
Gostos Recebidos
1,121
naom_68b95d7e7da2c.webp


Dois guarda-freios, um no ativo e outro que já saiu da Carris, decidiram quebrar o silêncio e revelar falhas graves na manutenção, na formação e nos sistemas de segurança dos ascensores históricos de Lisboa.


À TVI, um dos trabalhadores, que preferiu manter o anonimato por receio de represálias, recordou que, em 2018, quando o Elevador da Glória teve o primeiro descarrilamento - neste caso, sem vítimas - o mesmo aconteceu devido ao desgaste extremo das rodas.


"O chamado verdugo, que é a parte interior da roda que anda no carril, estava tão fino que parecia uma faca. Acabou por saltar do carril e descarrilar. Porque é que não aconteceu nenhuma tragédia? Porque o cabo aguentou. Desta vez, não aguentou", relatou, referindo-se ao acidente do dia 3 de setembro, que matou 16 pessoas e deixou mais de 20 pessoas feridas.


Durante as formações, contou ao canal de Queluz, por sua vez, o outro funcionário da Carris, os guarda-freios não recebiam instruções sobre o que fazer em caso de falha do cabo.


"Toda a gente que nos deu formação garantia que aquilo nunca iria acontecer, por nada [...] que aquele cabo estava pronto para segurar aqueles elevadores e mais dois em cima, se fosse preciso", realçou.


A empresa responsável pela manutenção, a MNTC - Serviços Técnicos de Engenharia, mais conhecida por MAIN, divulgou um relatório indicando que, na manhã do acidente, foi feita uma inspeção à fossa. No entanto, segundo a TVI, entre as 9h13 e as 9h46 do fatídio dia 3 de setembro, ninguém entrou nesse espaço, uma vez que o técnico que assinou o relatório tem problemas de saúde que o impedem de descer aquele local.


Além disso, os funcionários garantem que a manutenção diária que tanto se fala era visual e informal: "As únicas revisões que eu conheço eram visuais e de boca. Perguntavam 'está tudo ok?'. E nós respondíamos 'está' ou 'não está'. Depois, lá tomavam as providências que conseguiam, mas nada de mais".


"Se temos um banco aparafusado com três parafusos e quase a cair, onde o guarda-freio se senta… se não temos iluminação dentro dos carros, neste caso, num total de seis lâmpadas, quatro estavam fundidas e outras nem estavam, se falhamos no básico, então o que diremos depois em casos maiores, como por exemplo a manutenção de um cabo?", denunciou um dos funcionários.


Os mesmos guarda-freios denunciam ainda problemas nos travões. "A própria manutenção dizia que não conseguia afinar o travão pneumático devido ao mau estado da linha férrea", assegurou um dos trabalhadores ouvidos pela TVI, acresecentando que nunca viu "ninguém" utilizar o manual e que ele "nem rodava".


Em resposta a este canal, a Carris negou ter recebido queixas sobre estes equipamentos anteriormente ao acidente.


Recorde-se que o relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) indica que o guarda-freio que estava ao comando do Elevador da Glória no dia do acidente (e que morreu no decorrer do mesmo) acionou os dois travões, o pneumático e o manual quando o "cabo que unia as duas cabines cedeu no ponto de fixação".

IN:NM
 
Topo