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Dia Mundial do Teatro

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Dia Mundial do Teatro: Peripécias de uma companhia

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São apenas 3 actores. Dois espanhóis e um português. A sede da companhia é uma antiga escola primária de uma aldeia de Vila Real. As peças são criadas por eles. As palavras nem sempre são necessárias. Chama-se "Peripécia".

O sol entra pela janela. Sérgio Agostinho fecha os estores. Tem um papel e caneta na mão. Senta-se de novo. Ri-se. Noélia está vestida com uma bata branca, uma barriga de grávida, um nariz de palhaço. Luís corre atrás dela numa visão de óculos com aros grossos, enfiado num casaco quente de xadrez. Com ele, um clarinete. Não é acessório. É linguagem.

Na antiga escola primária de Côedo, a dez quilómetros de Vila Real, já não há meninos. O edifício é agora sede de uma companhia ibérica de teatro. O nome "Peripécia" deixa adivinhar muitas aventuras. As canecas de chá em cima da mesa, confirmam as longas horas de trabalho. Sérgio sorri. A pacatez de Trás-os-Montes agrada-lhe. "Nós sentimo-nos bem em trabalhar aqui. Eu até acho que é melhor...eu já vivi em Lisboa e em Madrid e comparando com esses meios, aqui temos um lado mais positivo...". Num espanhol-português cantado, Noélia concorda. "Sobretudo para criar. Aqui centramos mais as atenções...não temos que nos preocupar com o estacionamento nem nos atrasamos para os ensaios por causa do tráfego...". A companhia existe desde 2004. Durante três anos esteve sedeada em Macedo de Cavaleiros. Mas as condições do Teatro de Vila Real, chamaram-lhes a atenção. E foi através de um protocolo com o Teatro, que conseguiram instalar-se na escola primária de Côedo, então desactivada.
No ritmo certo

Todos os pormenores são importantes. O ritmo da música marca a narrativa da história. Noélia Dominguez multiplica-se em personagens. "Esta peça, Mamã?!, surgiu porque fiquei grávida e reparei que há coisas simples que se tornam muito complicadas...como apertar os cordões de uns sapatos, por exemplo!". Da constatação ao inicio dos ensaios, algumas linhas num papel. Uma história simples. Humor à prova de cépticos. Sem diálogos, que as palavras às vezes atrapalham. Autores e actores das próprias histórias. "Exige muito trabalho da nossa parte. Porque não partimos de um texto previamente escrito. Mas há pessoas que trabalham a partir de textos dramáticos e também não deve ser fácil...!", diz. Luís Santos, musico, larga o clarinete por alguns segundos. "Sinto-me mais à vontade como musico, claro! Fazer palhaçadas nem sempre é fácil...!". Ri-se. Dó, mi, sol, dó. Grita.
Nem de Espanha, nem de Portugal...

"As nossas fontes de receitas...diz-se assim, não é...?". As dificuldades de Noélia não são gramaticais. "Nós não temos apoio do Ministério da Cultura. A nossa fonte de receitas é a venda dos espectáculos. É só o nosso trabalho...embora tenhamos um protocolo com o teatro de Vila Real. É o nosso único apoio. De resto, não temos ajudas nem de Espanha nem de Portugal". Palcos não têm faltado. As viagens sucedem-se estrada fora entre Portugal e Espanha. Para o próximo mês, o destino fica do outro lado do mar. Para o Brasil, levam na mala "Ibéria - A Louca História de uma Península". Por cá, vão andando de mão dada com "Mamã?!". E há futuro para o teatro m Trás-os-Montes? "Sim...a prova é que nós estamos cá!". Porque peripécias, há sempre muitas.


Expresso
 
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