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Nas últimas semanas, a ala e o eleitorado mais radical do Partido Republicano têm ecoado ameaças de "guerra civil" em caso de derrota do seu candidato, o ex-presidente Donald Trump.
Em entrevista à agência Lusa, à margem da Convenção Nacional Democrata, que hoje termina em Chicago, Jimmie Williams lamentou que Trump prossiga a encorajar a sua base aliada a lutar contra os resultados eleitorais e a preparar-se para "o cenário de uma guerra civil".
"Acho que nenhum Presidente que diz que ama os Estados Unidos, e se importa com a democracia, deveria fazer isso. Mas acredito que há uma ameaça real de anarquia, ameaça real de guerra civil e até mesmo uma ameaça real de terrorismo doméstico, que é quando as pessoas simplesmente decidem tornar-se terroristas. Não é só o que vimos com Trump a ser baleado. É o que já vemos em centros comerciais, com ataques contra pessoas de cor. Então, acho que é uma ameaça muito real", afirmou.
Ao ser questionado sobre como é que o país se pode preparar para esse cenário, o delegado democrata por Washington DC considerou que não está a ser feito o suficiente, recordando o ataque ao Capitólio (sede do Congresso norte-americano) de 06 de janeiro de 2021, quando apoiantes de Donald Trump tentaram invalidar de forma violenta a confirmação da vitória eleitoral do atual Presidente, Joe Biden.
"Quando olho para o 06 de janeiro, nunca pensei que tantas pessoas seriam capazes de invadir a Capitólio. (...) Infelizmente, não acho que estamos a fazer o suficiente para estar preparados. Vimos os militares, vimos a polícia do Capitólio com dificuldades, vimos a Guarda Nacional a não ser capaz de agir. Realmente tenho medo de que não sejamos capazes de agir se algo assim acontecer novamente", advertiu.
Avaliando a possibilidade de a situação "evoluir para um estado de emergência", Jimmie Williams defendeu ser da maior importância ter "um processo eleitoral justo e democrático e um Presidente justo e democrático" que possam impedir esse cenário.
O delegado argumentou que existem falhas no sistema eleitoral norte-americano e que os republicanos estão há anos a tentar mudar as regras eleitorais a seu favor em muitos estados do país.
Na Geórgia, Trump foi acusado por um grande júri de tentar ilegalmente anular a eleição presidencial de 2020 neste estado do sudeste norte-americano.
Agora, o Conselho Eleitoral da Geórgia - controlado pelos republicanos - introduziu novas regras antes das eleições presidenciais de 2024, que dão às autoridades locais mais poder para investigar votos após a eleição, o que poderá levar ao caos durante o sufrágio de novembro.
Especialistas argumentam que essas manobras possam dar aos negacionistas dos resultados eleitorais uma margem de manobra significativa para desacelerar o processo de certificação e criar incerteza.
Nas declarações à Lusa, o delegado democrata antecipou que Donald Trump irá continuar a galvanizar a sua base eleitoral com acusações infundadas de fraude eleitoral e continuar a divulgar "notícias falsas" de que a eleição não foi justa, em caso de derrota.
"Então, há muita preocupação sobre essa corrida eleitoral, e é por isso que temos que vencer fortemente e vencer todos esses estados", frisou.
Na Convenção Nacional Democrata, que termina hoje, o ambiente tem sido de festa entre os milhares de delegados que rumaram a Chicago para nomear Kamala Harris e Tim Walz como candidatos democratas a Presidente e vice-presidente dos Estados Unidos, respetivamente.
Jimmie Williams contou à Lusa que esteve em várias convenções nos últimos 12 anos e garantiu que o país está a presenciar agora "um novo nível de entusiasmo" com a entrada de Kamala Harris na corrida, após a desistência de Joe Biden.
"Acho que a última vez que vi este nível de entusiasmo foi com Barack Obama. Então, acredito que estamos em patamares muito parecidos, mas acho que, por causa das circunstâncias, talvez o entusiasmo seja ainda maior, já que Kamala Harris pode ser a primeira mulher, a primeira afro-americana, a primeira mulher asiática a ser Presidente e, então, o entusiasmo é muito alto", observou.
Contudo, apesar do ambiente de festa, a alguns quilómetros de distância da Convenção, milhares de pessoas têm protestado contra o apoio de Washington a Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Williams, que administra uma organização sem fins lucrativos, admitiu que os manifestantes fizeram pressão junto dos delegados para agirem a favor da causa palestiniana e contra a guerra em Gaza, mas salientou que os delegados "quase não têm poder" e que, além disso, estão conscientes da "importância" de eleger Kamala Harris.
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