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David Murray: "Ouvi todos os discos de Nat"

florindo

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A ideia de homenagear a vertente latina de Nat King Cole partiu da mulher, Valérie Malot, que tem sangue espanhol e cubano. Assim nasceria o disco "David Murray Cuban Ensemble plays Nat King Cole en Español".


Para levar em frente este projecto, o saxofonista norte-americano David Murray rodeou-se de uma banda cubana, um cantor argentino e ainda da Sinfonieta de Sines. Com os arranjos de Murray, partimos para uma visita a êxitos imortais como "Quizas, quizas, quizas", "Cachito", "A media luz", "Aqui se habla de amor", entre outros. E para além disso temos ainda o som deste saxofonista tenor, um dos grandes improvisadores dos nossos dias.

O que é que o levou a fazer esta homenagem a Nat King Cole?
Na verdade foi por influência da minha mulher, Valerie, cujo avô é cubano e a mãe das Canárias. Ela surgiu com esta ideia de realizar uma homenagem a Nat King Cole, que ambos adorámos, mas abordando somente a sua vertente latina. Ouvimos todos os seus discos para eu analisar qual seria a melhor forma de proceder aos arranjos.

Escolheu para tocar neste disco músicos cubanos e portugueses. Por alguma razão especial?
Na realidade também surge um argentino. Gravámos num estúdio em Havana onde o próprio Nat King Cole tinha gravado, um ano antes da revolução cubana. Aliás, há lá na parede uma grande fotografia do Nat. Tenho trabalhado muito com músicos cubanos, com uma big band. O ensemble português, com quem já tinha tocado várias vezes, surge da necessidade que tinha de uma secção de cordas.

Em certos momentos, quando improvisa no seu tenor, dá a sensação de que estamos a ouvir Coleman Hawkins...
Coleman Hawkins? Tanto quanto sei, ele é o pai do saxofone no jazz. Não podemos tocar sem ser comparados com Coleman Hawkins. Recebo isso como um elogio. Acho que ele foi o maior. Quando ouvimos Sonny Rollins ou Charlie Parker também está lá Coleman Hawkins. É natural que também esteja presente no meu discurso , já que foi um dos músicos que estudei.

Improvisar neste estilo de música é confortável?
É muito fácil, porque as melodias são muito familiares. Quando se estuda jazz este tipo de música torna-se muito acessível. As pessoas cantam as melodias quando as toco no saxofone. Por exemplo, interpretar a música de John Coltrane era bem mais complexo...

O único original que surge no disco, "Black Nat", escreveu-o como uma homenagem particular ao cantor?
Na verdade, esse tema começou por ser uma introdução para "Cachito", que ganhou vida própria. Acabou por ficar como um original, até porque lhe juntei elementos africanos, mas está intimamente ligado a "Cachito".

Como é que encontrou o cantor Daniel Melingo?
Foi na Argentina, de onde ele é natural. Fizemos alguma pesquisa e quando o ouvi fiquei maravilhado porque possui um registo de voz que é qualquer coisa entre Tom Waits e Frank Sinatra.

É conhecido no mundo do jazz também pela sua participação no World Saxophone Quartet. A banda ainda toca?
Sim, claro. E temos um novo membro, James Carter. Acabamos de gravar um álbum , intitulado "Yes we can", que sairá brevemente.

Sabemos que vive um período de cada ano em Sines...
Na realidade estou radicado em Paris, mas possuo uma casa de férias em Sines. Mas quando ficar mais velho, vou adorar morar em Sines...

JN
 
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