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Dalila Carmo protagoniza filme "Quero ser uma estrela"

florindo

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O cinema português está a mudar. "Quero ser uma estrela", de José Carlos de Oliveira, que estreia hoje em salas de todo o país, é um filme com um tema duro e uma narrativa à altura, capaz de nos interessar, empolgar e mesmo emocionar. E com surpresas até ao último instante.

Dalila Carmo é uma portuguesa a viver em Maputo e que, no meio de uma crise matrimonial, acaba por ser crucial na denúncia de um caso de escravatura sexual, com ramificações na África do Sul.
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Dalila Carmo protagoniza filme "Quero ser uma estrela"

Para fazer este filme teve de passar uma temporada em Moçambique. Qual foi o maior impacto ou o maior choque dessa estadia?
Foi a terceira vez que estive em Moçambique por causa de um projecto. Em 2002 estive lá seis meses a fazer uma série. Já é um país que conheço, mas é claro que de forma superficial. Estamos sempre a trabalhar. Mas não tenho nenhumas memórias afectivas e sensoriais com África. Há pessoas que têm. Eu não.

Porque razão diz isso?
É uma realidade que me agride bastante. Em Moçambique, sinto-me intrusa. É um país de uma grande beleza, mas que começa a doer ao fim de algum tempo. Tenho uma grande dificuldade em ver sofrimento e miséria. E ainda por cima estava a trabalhar num tema tão delicado.

A sua personagem também tem um percurso intenso e traumático. O que foi mais difícil para si filmar?
Todas as cenas foram muito difíceis. Mas acho que tem a ver com a história. Sabia ao que ia. Ia preparada para sofrer. Mas quanto mais sofrermos e mais complicada for a cena, também mais gratificante é. Foi um processo doloroso, do princípio ao fim.

Sentiu alguma reacção local, pelo facto de estarem a abordar um tema tão duro e eventualmente com alguma ligação com a realidade?
Não senti isso. Trabalhámos com alguns actores de lá e não me lembro de termos falado disso. São realidades que as pessoas desconhecem ou ignoram. Estava tudo muito concentrado no filme e em viver a história do filme, da forma como ela estava escrita.

Fez alguma pesquisa no local, sobre aquela realidade?
Na altura falou-se em ir a alguns bares, mas acabei por não passar da porta. Às tantas, não precisava. As coisas adivinham-se, estão presentes. Vemos isso no dia a dia. Já é normal ver-se crianças que vivem em situações precárias e que se prostituem. E há sempre uma entidade que manipula.

O filme serve de alguma forma para chamar mais a atenção para esse problema...
Não somos os salvadores do mundo. A nossa contribuição, através do cinema, do teatro, da literatura, é meramente simbólica. É uma chamada de alerta.

O facto de abordar um problema da mulher foi importante para aceitar embarcar neste projecto?
Não vejo isto como um problema da mulher. É um problem a de direitos humanos. Toca à mulher mas também toca a rapazinhos. Não é só a condição feminina, é mesmo a condição humana. Está para lá do sexo. O que me motivou foi pegar num tema que não é só mero entretenimento. Permite-me comunicar e expressar o que sinto.

Não tem sido muito frequente vê-la no cinema...
Já fiz muito cinema, mas depois interrompi. Das últimas vezes que tentei era sempre incompatível com o teatro. Tenho um trajecto em cinema bastante eclético. Trabalhei com pessoas muito diferentes, desde o Manoel de Oliveira ao César Monteiro, passando pela Margarida Gil e o João Botelho. Fiz muitas co-produções.

O que aconteceu então?
Chateei-me com o cinema. Não me pagavam, perdi muitos projectos por causa do cinema. E houve muita gente que se chateou comigo quando comecei a fazer televisão. Passaram a olhar-me de lado..

JN
 
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