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Cinema alemão de luto pela morte de Werner Schroeter

Matapitosboss

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Set 24, 2006
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O cinema alemão está de luto pelo realizador Werner Schroeter, que morreu hoje, terça-feira, num hospital de Kassel, aos 65 anos, de doença prolongada.
A morte do cineasta foi confiramda pela sua agente, Monika Keppler, e pelo produtor português Paulo Branco. Schroeter "pertence incontestavelmente ao lote de grandes realizadores do novo cinema alemão, embora as suas obras raramente sejam exibidas no país natal", refere-se num despacho da agência noticiosa dpa.
Na opinião dos críticos da especialidade, embora menos conhecido, Schroeter ombreava com grandes cineastas germânicos do pós-guerra, como Rainer Werner Fassbinder, Wim Wenders, Alexander Kluge, Werner Herzog e Volker Schlöndorff.
A linguagem artística "sui generis", altamente estilizada, a estética alheia a compromissos e a tendência para o melodrama eram características marcantes de Schroeter que o tornaram pouco acessível ao grande público.
Aos 13 anos, ouviu pela primeira vez cantar a diva da ópera, Maria Callas, que foi para ele uma "mensageira entre Deus e os Homens", e se transformou no seu único ídolo.
Entre as suas principais obras figuram o drama de imigração "Palermo ou Wolfsburg", de 1980, "Malina", com Isabelle Huppert, de 1991, inspirado no livro de Ingeborg-Bachmann.
A sua obra derradeira foi "Esta Noite", adaptação da obra "Para esta noche", do escritor uruguaio Juan Carlos Onetti, produzido por Paulo Branco, que se estreou em 2009 no Festival de Veneza e foi ali premiado.
"O seu último filme foi uma gala de despedida, um derradeiro fogo de artifício, em que exibiu de novo tudo o que o tornou único no cinema alemão, os cenários operáticos em que as suas figuras se moviam, a luz refinada, o som recheado de árias e madrigais, numa mescla fantasiosa de violência, amor, grotesco e melodrama", escreve hoje o crítico de cinema Andreas Kilb no no necrológio publicado na edição online do Frankfurter Allgemeine.
Schroeter ganhou também, em 1980, o Urso de Ouro do Festival de Berlim, com "Palermo ou Wolfsburg"", e na última edição deste certame, em Fevereiro, já muito marcado pela doença, recebeu um Teddy Award, prémio para o cinema homossexual e lésbico, ele que era um homossexual assumido, pelo conjunto da sua obra.
Ao todo, Werner Schroeter, nascido em 1945, na Turíngia, escreveu mais de 80 peças de teatro e rodou mais de 30 filmes.
"A arte está sempre rodeada de mistério, e é simultaneamente estímulo e provocação", disse certa vez.
"Morreu um dos grandes criadores do cinema alemão, um dos maiores vultos do cinema europeu e mundial", afirmou Paulo Branco, em declarações à Lusa.
Rainer Werner Fassibinder, seu mentor, também já falecido, "dizia que ele era o melhor entre todos. Fez ópera e teatro, foi um grande criador no verdadeiro sentido", sublinhou Paulo Branco, amigo de Werner Schroeter há mais de trinta anos.


Fonte: Jornal de Notícias
 
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