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Christoph König inicia cargo de maestro titular da Orquestra Nacional do Porto

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Christoph König inicia cargo de maestro titular da Orquestra Nacional do Porto

ISABEL PEIXOTO

Passou os últimos dois meses a falar grego. Percebe português, mas é em castelhano - para nós, perfeito - que responde às perguntas do JN.

Christoph König dirige amanhã a Orquestra Nacional do Porto (ONP), uma das formações que residem na Casa da Música, naquele que será o primeiro concerto como maestro titular. Alemão de Dresden a residir em Viena, Áustria, não revela a idade ("Tenho entre 20 e 50"), é cauteloso no que diz e sorri o bastante.

Elogiando o público e a cultura da cidade, considera a Casa da Música, que vai frequentar amiúde nos próximos três anos, "um projecto valente". Depois da Sinfónica de Malmö, chega ao Porto com ideias de dar mais cor aos programas de uma formação que já conhece. E não fala do antecessor, Marc Tardue.

Considera a ONP mais relaxada do que outras orquestras?

Recordo-me de ter dito algo parecido com isso. Mas esta coisa tem dois lados. Sim, creio que a orquestra, às vezes, está um pouco relaxada, mas isso, para mim, significa que quase sempre os músicos estão de bom humor e de bom ânimo. E eu gosto disso. Não dirijo todas as semanas. Há outros maestros que o fazem e sei que, às vezes, estão um pouco mais relaxados (risos).

Vai impor ordem?

Não, não! Perdão, isto é muito normal. O próprio Karajan não queria continuar a trabalhar em Viena porque não podia suportar o facto de pelo menos 30% a 40% dos espectáculos serem uma merda. Em Viena! Ele não suportava tanta diferença entre produções fantásticas e outras que eram medíocres, muito más.

Isso também tinha a ver com a seriedade dos músicos?

Sim. Mas creio, verdadeiramente, que não há espírito negativo nesta orquestra. Às vezes, são um pouco relaxados, sim, mas nunca negativos. Só um grupo da orquestra tem um problema, porque as personalidades nesse grupo são muito distintas.

Uma vez, afirmou que o potencial da ONP ainda não está devidamente explorado...

Posso apenas reiterar o que disse. Creio que a orquestra tem um potencial enorme. Contudo, em algumas situações, não toca ao nível do seu potencial.

Como pode mudar isso?

É como na Fórmula 1 e no mundo da moda. Em toda a nossa vida lutamos contra os problemas. Creio que os problemas que temos aqui são os problemas normais que têm todas as orquestras do Mundo, com a excepção, provavelmente, da Filarmónica de Berlim.

Quais são?

O primeiro problema é a comunicação musical. Isto significa que, em 100 ou 120 músicos, é muito difícil que os que estão numa ponta da sala ouçam os que estão na outra. Mas a ideia da música que fazemos juntos é que comunicamos juntos, que não é só o maestro que manda. Na ONP, a única coisa que quero alterar (pouco) é que todos os líderes da orquestra assumam as responsabilidades. O número um de cada grupo tem responsabilidades para com todo o grupo. Só quero que os primeiros instrumentistas de cada grupo sejam mais responsáveis. E só quero ajudá-los a ter essa responsabilidade.

Como poderá captar públicos?

Primeiro, quero dizer que temos sorte com o público. O Porto tem bastante peso cultural na Europa. Está muito a Oeste, muito no Atlântico, é verdade, mas em todos os sítios da cidade pode ver--se que há uma cultura muito profunda. Vejo outras orquestras noutras cidades que têm muitos problemas com o público.

E isso não acontece no Porto?

O público do Porto é muito positivo, é muito mais jovem do que noutras cidades da Europa - normalmente com cabelo grisalho ou já sem cabelo. Os mais velhos são muito bem-vindos, mas gosto de ter uma mescla de idades. O público que temos no Porto já é bastante variado. Podemos atrair novo público, mas isso é passo a passo. Este edifício só tem três anos...

Como vai dar mais cor aos programas?

Uma das razões que me levaram a aceitar o convite é que estamos muito de acordo sobre a variedade da programação. Todos - eu, o Pedro Burmester, o António Jorge Pacheco e o Andrew Bennett - estivemos, desde o primeiro minuto em que falámos, muito de acordo quanto à programação. Do que gostamos, e que cabe perfeitamente neste edifício, é uma aproximação moderna, com uma grande variedade. Quanto mais colorido for o programa, mais felizes nós somos.

Vai ter influência na programação?

Sim, isso é normal. Cada maestro titular das orquestras tem de trazer outro valor, para mim é normal. Gosto de muitas coisas, não sou uma pessoa que agora só queira fazer música alemã. Encanta-me a música francesa (o titular anterior fazia muita música francesa), mas, apesar disso, a música francesa, neste momento, não é uma prioridade.

E a música portuguesa?

Estamos praticamente sempre a falar de música portuguesa. Mas tenho de admitir que isto vai ser sempre um problema, porque o número de boas composições portuguesas, em comparação com boas composições alemãs ou germano-austríacas, é pequeno.


Do que é que não gosta?


Da música de Edward Elgar e de Hector Berlioz…

Quandos concertos vai dirigir com a ONP?

Entre oito e dez por ano.

JN
 
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