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Começou!
O que fazer? Pra quem ligar? Quando ligar? Como respirar? Mas... será que é a hora mesmo? Começou mesmo?
Como saber? Durante meses, a ansiedade da espera. E aí, um dia, ou mais provavelmente uma noite, começam umas coliquinhas lá embaixo, na barriga. É a hora! Já? Mesmo? Talvez seja.
Ao longo de toda a gravidez, a gestante tem contrações uterinas. Elas não tem ritmo nem periodicidade, são curtas e raramente dóem. Nos dois últimos meses, as contrações vão-se tornando gradualmente mais freqüentes e mais intensas. Às vezes, até provocam uma cólica leve. São chamadas de contrações de Braxton-Hicks e de uma certa maneira preparam o útero, que é um músculo, para o intenso trabalho que será o parto. Em algum dia entre a 38ª e a 42ª semanas de gestação, no caso de uma gestação a termo, você entrará em trabalho de parto. Então, as contrações uterinas serão mais intensas e durarão ao menos 50 segundos e ainda serão irregulares tanto na intensidade quanto na periodicidade.
À medida em que as horas forem transcorrendo, o intervalo entre as contrações irá diminuindo e a duração de cada uma irá aumentando. A dilatação do colo do útero vai acontecendo exatamente por ação das contrações.
Então, quando você perceber que as contrações não são de Braxton-Hicks mas realmente de trabalho de parto, telefone e avise a obstetra. Não é aflição, não, é só um sobreaviso. Por sermos bípedes, o peso do feto no útero recai sobre o colo, que deve então resistir bem e não ceder até o pleno amadurecimento do bebê. É por isso que para o colo do útero dilatar os primeiros 5 ou 6 centímetros leva bastante tempo.
É preciso ter paciência e relaxar. Soltar o corpo, reclinar-se num travesseiro alto ou numa confortável poltrona e descansar entre as contrações é uma boa idéia. Mas algumas de nós gostam mais de caminhar, de andar pra lá e pra cá. O que importa é que durante a contração você se lembre de relaxar toda a sua musculatura. Com o prosseguimento da dilatação do colo, mucosidades vão aparecer. Você vai perceber um muco claro, um pouco sanguinolento, escorrendo da vagina. É bom sinal: quase sempre indica dilatação igual ou maior que 6 centímetros.
Mas não é um líquido, não!! É muco, é gelatinoso, parece clara de ovo cru. E as contrações estão acontecendo. Talvez já estejam bem ritmadas a cada 10 minutos, já estarão durando uns 70 segundos cada uma. Já é hora de pensar em ir indo, com calma, para o hospital ou clínica que você escolheu para seu bebê nascer.
Se for da sua escolha, um bloqueio analgésico peridural pode começar então. O anestesiologista fará uma punção num espaço entre suas vértebras e aplicará um cateter para que possam ser ministradas pequenas doses de medicamentos que não interrompam o trabalho de parto mas possam ser repetidas se houver necessidade. Isso proporciona conforto para a parturiente. Em geral diminui a intensidade e a freqüência das contrações uterinas, o que faz o trabalho de parto durar mais tempo, mas não traz prejuízo nem à parturiente nem ao feto porque a equipe médica está atenta.
Pode ser conveniente que a parturiente receba grandes quantidades de oxigênio e então um cateter é colocado em seu nariz por um tempo. E as contrações prosseguem. Nem a analgesia nem o oxigênio impedirão você de mover-se: você poderá escolher as posições em que quiser ficar. E mudá-las quando quiser.
Conte com a ajuda da equipe médica e da enfermagem e com a presença de alguma pessoa querida que você tenha escolhido para estar junto durante essas horas. Algumas vezes, a bolsa das águas rompe no início do trabalho de parto. Então, a parturiente percebe a saída súbita pela vagina de algo como 2 copos d'água e esse líquido, que tem um odor adocicado, continua a escorrer a cada contração.
Mas em geral, a bolsa das águas não se rompe no início do trabalho de parto mas sim já com a dilatação muito avançada. Muitas vezes, a parturiente até já está com puxos.
Puxo é uma vontade enorme e incontrolável de empurrar o bebê para nascer. Os puxos começam quando o bebê já desceu tanto no canal de parto que "esbarra" nuns nervos que deflagram a necessidade de fazer a prensa abdominal.
Sua sensação será a de que vai defecar: é igualzinho. E às vezes realmente a gente evacua o intestino ( não se preocupe: isso é bom! ).
Então, a cada vez que a contração vem e empurra o bebê, você terá esta necessidade de empurrar, de forçar para baixo o feto. Dura um tempo, às vezes cansa, e a cada puxo o bebê desce mais. Até coroar, que é quando o alto da cabeça dele aparece na vulva. E então, mais uns puxos e ...
O bebê nasceu!
Talvez seja necessário fazer uma episiotomia antes do feto passar. Trata-se de um corte feito com tesoura ou bisturi, atingindo mucosa de vagina, pele, subcutâneo e músculo do períneo a fim de aumentar o orifício da vulva. Se você não estiver sob bloqueio analgésico, uma anestesia local será feita.
Depois que o bebê sair, respire fundo, descanse um pouco e olhe para o bebê, toque-o e se quiser tome-o ao colo. Observe, acaricie, amamente, faça o que quiser: o filho é seu!
Após alguns minutos, será a vez da expulsão da placenta. Para isso, é necessário fazer umas forças para baixo como para a expulsão do feto. São puxos menos intensos e menos numerosos e você é que deve fazê-los.
Depois disso, se houver necessidade de reconstituição do períneo, os pontos serão dados enquanto você se embevece com seu bebê.
E então, começa a sua vida nova.
Dra. Stella Marina Ferreira
Médica Ginecologista e Obstetra