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Carpas á Pluma

Fonsec@

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Antes de me iniciar na pesca à pluma, dediquei algum tempo à pesca de ciprinídeos, recorrendo a técnicas variadas como a inglesa e a francesa. Era bastante divertido, mas faltava algo, algo que apenas consegui descobrir com uma cana de pluma.
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A pesca à pluma é feita de desafios e todos os dias crio na minha cabeça o momento em que tento capturar aquela espécie que muitos dizem difícil ou impossível de pescar. Quando, por fim, esse momento chega, estou feliz, mesmo que os resultados não sejam os melhores, até porque sei que muitas outras jornadas virão e que chegará o dia em sairei vitorioso, o dia em que conseguirei pescar e libertar aquele peixe que, com tanta imaginação e dificuldade, consegui enganar.
Caso algum dia o tente, não desista à primeira, insista, já que a chave para o sucesso da pesca da carpa à pluma é a persistência.
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A carpa despensa apresentação, pois é uma espécie comum em praticamente todas as barragens e lagos do nosso país. Por isso, poderemos encontrar muitos locais ideais para a sua pesca à pluma. No entanto, é necessário que o pescador perca algum tempo a analisar os locais de pesca e, o que é mais importante, analisar o comportamento das carpas. Este é que é o problema, já que as carpas mostram um comportamento distinto de local para local. Numa barragem, por exemplo, as carpas poderão demonstrar mais actividade numa zona em que é impossível pescar à pluma, mas poderá haver outra zona em que não demonstram tanta actividade, mas estão no local ideal para a sua pesca e demonstram interesse pelas nossas plumas.
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Quanto aos seus hábitos alimentares, pode dizer-se que a carpa é uma espécie omnívora, cujo alimento tanto poderá ser de origem vegetal, como, por exemplo, algas aquáticas, bagas silvestres ou cereais, passando por todo o tipo de larvas aquáticas, insectos alados, alevins ou crustáceos.
Embora muitas pessoas desconheçam, as carpas buscam praticamente todo o seu alimento junto à margem, em zonas de pouca profundidade e, de preferência, com alguma vegetação, já que é junto a esta vegetação que vivem e se desenvolvem as larvas dos insectos aquáticos e é ali que poderão cair algumas sementes e pequenos frutos.
É comum observar-se as carpas a deambularem em pequenos grupos ou até mesmo sozinhas pelas zonas baixas e margens. Daí que, durante as minhas jornadas de pesca e observação, pude compreender o significado de algumas das suas movimentações, ajudando, em muitos dos casos, a distinguir se estas estão activas ou apenas a apanhar um pouco de sol.
O material
Na maioria dos casos, as carpas pescadas à pluma são de tamanho razoável, pesando entre os 2 kg e os 3 Kg, ainda que seja comum ter-se surpresas, com exemplares de maior tamanho. Deste modo, não é estritamente necessário utilizar material “pesado” para este tipo de pesca. Se o local de pesca não tiver obstáculos submersos visíveis, como ramos de árvores, poderemos perfeitamente utilizar material ligeiro, apesar de eu nunca utilizar canas de numeração inferior a linha 5, que, sem dúvida, proporcionam momentos de grande emoção. Nos casos em que os exemplares pesem entre os 4 Kg e os 8 Kg, a melhor opção é, em dúvida, uma cana para linha 7 ou 8, pois iremos passar muito tempo até que a consigamos ter na mão.
Eu, pessoalmente, utilizo uma cana para linha 5 para os exemplares mais pequenos e uma cana para linha 8, quando me apercebo da presença de exemplares de maior tamanho. Esta permite controlar o peixe com maior facilidade e acreditem que a emoção na sua captura é bastante grande. Já me aconteceu perguntar-me: - Será que com uma cana para linha 8 vou sentir o peixe? Mas, quando consegui cravar uma carpa, todas as dúvidas se dissiparam e depressa me apercebi de que, muitas vezes, utilizar material um pouco mais forte é ideal para conseguirmos manobrar o peixe com uma maior facilidade. Claro que a pesca com uma cana ligeira daria muito mais luta, pois teria de trabalhá-la o dobro do tempo, mas, ao contrário de outras modalidades, o momento de maior emoção na pesca à pluma, o que faz o coração pular, é aquele em que vemos a carpa a comer a nossa ninfa e os cinco segundos que se seguem ao cravar!
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Para completar o conjunto, iremos necessitar de um carreto. É importante que possua um bom travão de disco e capacidade para um mínimo de 100m de backing de 20Lb. Na pesca da carpa à pluma, o carreto é utilizado a fundo em todas as capturas e será uma constante a linha a entrar e a sair do carreto, sendo o som do carreto música para os nossos ouvidos.
No que diz respeito à linha, não há muitas recomendações a fazer. Esta deverá ser da mesma numeração que a cana e eu recomendo que tenha uma cor um pouco discreta, porque, muitas vezes, as águas são muitos baixas e claras, e a cor da linha pode assustar a carpa. É ainda importante ter em atenção que, quando se crava uma carpa à pluma, a primeira corrida é muito violenta, levando muitos metros de linha até que pare, sendo, por isso, muito importante ter em atenção onde e como está a linha fora do carreto, pois basta uma pequena distracção da nossa parte para a linha ficar presa em algum obstáculo, causando inevitavelmente a perda da carpa.
O baixo de linha vai depender das situações de pesca, mas podemos ter 2,70m como comprimento mínimo, sendo o ideal 3m para águas baixas e claras. Muitas vezes, as carpas estão tão junto à margem, que somos obrigados a lançar de modo a que apenas entre na água cerca de 50cm do baixo de linha. Nestes casos, é importante encurtá-lo, para que não fique preso em obstáculos. Quanto ao terminal, eu utilizo entre 0,18 e 0,23 mm, porque, se não existirem obstáculos submersos, como referi anteriormente, permite controlar perfeitamente um peixe de bom tamanho.
As Plumas.
O facto das carpas poderem demonstrar actividade, tanto na superfície, como logo abaixo da mesma, obriga-nos a ter plumas de vários tipos, como ninfas, plumas secas e streamers. Apesar das carpas, durante os meses mais quentes do ano, deixarem, muitas vezes, transparecer comportamentos agressivos, em que atacam os streamers coloridos e de tamanho aceitável quando andamos atrás dos achigãs, vamos abordar plumas mais discretas, que imitam o seu alimento natural.
As ninfas que imitam as larvas que vivem nas águas baixas junto às margens podem ser feitas em anzóis entre o nº8 e o nº16. As ninfas montadas nos anzóis maiores podem imitar as larvas de libélula ou um pequeno peixe moribundo, enquanto que as ninfas montadas em anzóis mais pequenos imitam as pequenas larvas de alguns insectos que vivem nas pedras e vegetação. Se as carpas não demonstrarem agressividade, é necessário utilizar ninfas de cor escura, como, por exemplo, castanho, preto ou oliva.
As imitações de insectos terrestres podem ser montadas em anzóis nº10 ou nº12. Entre muitos materiais que existem no mercado, podemos escolher para a sua montagem o foam, que é um material de flutuabilidade excelente. Em vez de comprar este material, pode utilizar um velho chinelo de praia. Corte uma tira fina da sua sola e monte a partir daí, que o efeito é o mesmo! Claro que poderíamos utilizar outros materiais sintéticos ou naturais, mas isso irá depender do gosto de cada um.
Muitas vezes, em determinados locais, as carpas estão habituadas a comer algumas bagas silvestres que caem dos arbustos junto às margens ou então a comer iscos habitualmente deixados pelos pescadores na engodagem, como, por exemplo, o milho cozido. Daí que é importante ter sempre na nossa caixa de plumas algumas imitações deste género, sobretudo as de milho. Para realizar este tipo imitações, pode ser utilizada lã de ovelha tingida na cor que desejarmos. Este material é o meu eleito, já que, assim, a pluma terá o peso ideal para afundar lentamente e é macia, pelo que a carpa não a rejeita de imediato. É ainda muito importante ter em conta o tipo de anzóis utilizados nas plumas para a carpa. Estes devem de ser fortes, porque uma carpa de bom tamanho irá endireitar um anzol, se este for de fraca qualidade.
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Autor: José Rodrigues

 
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As ninfas que imitam as larvas que vivem nas águas baixas junto às margens podem ser feitas em anzóis entre o nº8 e o nº16. As ninfas montadas nos anzóis maiores podem imitar as larvas de libélula ou um pequeno peixe moribundo, enquanto que as ninfas montadas em anzóis mais pequenos imitam as pequenas larvas de alguns insectos que vivem nas pedras e vegetação. Se as carpas não demonstrarem agressividade, é necessário utilizar ninfas de cor escura, como, por exemplo, castanho, preto ou oliva.
As imitações de insectos terrestres podem ser montadas em anzóis nº10 ou nº12. Entre muitos materiais que existem no mercado, podemos escolher para a sua montagem o foam, que é um material de flutuabilidade excelente. Em vez de comprar este material, pode utilizar um velho chinelo de praia. Corte uma tira fina da sua sola e monte a partir daí, que o efeito é o mesmo! Claro que poderíamos utilizar outros materiais sintéticos ou naturais, mas isso irá depender do gosto de cada um.
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Muitas vezes, em determinados locais, as carpas estão habituadas a comer algumas bagas silvestres que caem dos arbustos junto às margens ou então a comer iscos habitualmente deixados pelos pescadores na engodagem, como, por exemplo, o milho cozido. Daí que é importante ter sempre na nossa caixa de plumas algumas imitações deste género, sobretudo as de milho. Para realizar este tipo imitações, pode ser utilizada lã de ovelha tingida na cor que desejarmos. Este material é o meu eleito, já que, assim, a pluma terá o peso ideal para afundar lentamente e é macia, pelo que a carpa não a rejeita de imediato.
É ainda muito importante ter em conta o tipo de anzóis utilizados nas plumas para a carpa. Estes devem de ser fortes, porque uma carpa de bom tamanho irá endireitar um anzol, se este for de fraca qualidade.
Pesca à ninfa.
Alguns dos momentos mais espectaculares que vivemos na pesca da carpa à pluma, são aqueles em que temos de nos deslocar pelas margens, de silhueta baixa, em silêncio, completamente embrenhados na natureza, esperando encontrar alguma carpa em actividade ao nosso alcance e tentar colocar a nossa imitação na sua trajectória, de modo a que possamos despertar o seu interesse.
Em pleno Verão, quando o calor se faz sentir e o dia vai chegando ao seu fim, as carpas podem ser facilmente detectadas pelo pescador, enquanto percorrem os seus habituais locais de alimento.
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A situação mais comum é encontrar uma carpa num local não muito profundo, envolvida numa nuvem de detritos, levantada enquanto revira o fundo à procura de alimento. Em alguns casos, conseguimos ver a sua barbatana caudal saindo do interior da nuvem ou até mesmo fora de água. O êxito poderá surgir nestas ocasiões: teremos de colocar delicadamente uma ninfa pouco lastrada no seu local de alimento, de modo a que pense que é uma presa que acaba de pôr a descoberto. Se assim for, deslocar-se-á na direcção da ninfa; no momento em que pára, devemos esperar dois segundos e cravar. Claro que a carpa, neste movimento, poderá comer ou rejeitar a ninfa. Por isso, devemos sempre arriscar e, se não obtivermos resultado à primeira tentativa, teremos de tentar outra e outra vez. Quando esta situação não se verifica e as carpas se estão a alimentar de uma forma menos deliberada, deslocando-se por entre as ervas que revestem a margem, teremos de ser ainda mais discretos, já que uma carpa nesta situação sabe que pode estar em perigo e estará certamente em alerta, bastando uma falha nossa para pôr tudo a perder. É muito fácil falhar nesta situação, sendo a falha mais comum uma má apresentação da ninfa. Mas, nem sempre uma má apresentação significa perder um peixe. Já me aconteceu lançar a ninfa delicadamente e a carpa, pura e simplesmente, ficar indiferente, obrigando-me a lançar a ninfa de modo a que esta bata com alguma força na água. Posso dizer que resulta em pleno, ainda que, por vezes, tenha ainda que animar a ninfa com pequenos toques. Geralmente, as carpas viram-se e nadam para a ninfa com curiosidade e velocidade, devorando-a de seguida. Mas, para contrastar com esta situação, posso afirmar que, por diversas vezes, me aconteceu aproximar-me de uma carpa e, ao tentar colocar a ninfa no sítio certo, esta cair mesmo em cima dela, fazendo que, como um relâmpago, se coloque em fuga para zonas profundas. É realmente impressionante ver a velocidade com que as carpas fogem perante uma situação de perigo.
Com seca.
Na pesca à pluma, devemos estar preparados para qualquer situação e uma delas é a de apanhar uma ou mais carpas alimentando-se na superfície. Esta situação não é muito comum, mas verifica-se sobretudo nos dias mais quentes e tanto pode ser junto à margem, como em zona afastada. É mais comum que seja junto à margem, por razões óbvias, sobretudo quando existe alguma sombra. Enquanto as carpas procuram comida pelo fundo, é comum detectarem insectos terrestres que se precipitam na água e, nestas situações, não costumam ficar indiferentes: sobem com suavidade e comem-no com convicção. Quando observar uma situação deste tipo em águas baixas, se tiver na ponta da linha uma ninfa, só tem duas coisas a fazer: ou troca por uma seca e tenta a sorte, se a carpa ainda se encontre no mesmo sítio quando acabar de trocar a pluma, já que as carpas estão constantemente em movimento; ou arrisca com a ninfa. Eu, nestes casos, aconselho a lançar a ninfa e aproveitar a oportunidade, pois, se a carpa a vir, é muito provável que vá ao seu encontro. No caso de as carpas se alimentarem na superfície, mas em águas mais profundas, é melhor trocar para uma seca, já que, com uma ninfa, teria dificuldade em ver se a carpa a tinha comido ou não, ainda que, se esta a comer e o anzol ficar cravado à primeira, ela irá correr e verá, sem sombra de dúvidas, que está cravada.
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Cada jornada de pesca às carpas à pluma é uma aventura em que nos deparamos sempre com novas situações, em que a nossa técnica pode transformar-se em sucesso ou em fracasso. Mas, como referi anteriormente, cada local é um local, em que cada peixe se comporta de uma maneira diferente. Daí que é realmente importante utilizarmos todos os nossos sentidos para estudar o local e, depois de uma observação cuidada, utilizar o método mais correcto para as tentar seduzir e enganar.. Esta é a verdadeira chave do sucesso.
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De qualquer modo, para além de todas as dicas que referi anteriormente, são igualmente importantes factores como a rapidez e precisão no lançamento, em que estar sempre pronto é fundamental para o sucesso. Bem, na realidade quem sou eu para dizer isto, já que, muitas vezes, ao ver uma carpa, a adrenalina sobe de tal maneira que tudo corre mal: a linha fica emaranhada, a ninfa presa numa erva ou na ponta da cana. E aquela grande carpa mesmo à minha frente, não sabendo se olhe para o que estou a fazer, se para a carpa, com medo de a perder de vista! São situações muitas vezes cómicas, que fazem parte da pesca e apenas dão vontade de não desistir, pois sei que, logo depois, iria ver uma outra carpa, que conseguiria enganar.

Autor: José Rodrigues
 
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