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Carlos do Carmo: A vida sempre "À noite"

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Carlos do Carmo: A vida sempre "À noite"

RUI BRANCO

O poeta José Carlos Ary dos Santos baptizou-o como Charles du Charme. Transportou na voz o fado para todo o Mundo. É Carlos do Carmo a celebrar 45 anos de carreira e a reeditar, esta segunda-feira, o álbum "À noite".

Se lhe falarmos em alguém chamado Carlos Alberto Ascensão de Almeida, certamente não saberá a quem nos estamos a reportar. Mas ao dizermos o nome Carlos do Carmo ocorre, quase como reflexo condicionado, o som da palavra fado.

É este fadista, o mais internacional depois de Amália Rodrigues, que está a celebrar 45 anos de carreira, já com festa marcada para o dia 3 de Outubro, no Casino Estoril.

A sua voz bem colocada, que solta as palavras de uma forma cristalina, única, é capaz de múltiplos prodígios, para além dos de fadista. Admirador de Frank Sinatra e de Jacques Brel, este artista de Lisboa já espantou o Olympia de Paris com a sua interpretação de "Valse a mille temps", uma canção que não está ao alcance de quem quer. É preciso possuir uma enorme técnica e talento proporcional para conseguir cantar o tema imortal de Brel.

Porque a sua voz permite-lhe ir muita para além do fado, Carlos do Carmo já foi o representante português no festival da Eurovisão, num ano em que, no concurso realizado em Portugal, interpretou todas as canções.

Curiosamente, na juventude, o destino de Carlos do Carmo, filho de uma ilustre fadista, Lucília do Carmo (de quem adoptou o apelido para nome artístico), parecia vocacionado para a gestão hoteleira, tendo mesmo completado um curso na Suíça. Mas o fado e a casa nocturna dos pais, "O Faia", falaram mais alto e Carlos entregou-se de alma e coração a esta arte genuinamente portuguesa.

Os êxitos surgiram em catadupa na sua carreira: "Por morrer uma andorinha", "Gaivota", "Canoas do Tejo", "Os putos", "Lisboa menina e moça", "Estrela da tarde", entre tantos outros, transformaram-se em clássicos interpretados pela maioria dos fadistas.

O facto de querer dar um cunho próprio ao seu fado fez com que unisse o seu talento aos de José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, José Mário Branco e José Luís Tinoco na procura também de encontrar melhores letras e melhores músicas.

Para assinalar os seus 45 anos de carreira, é reeditado hoje o álbum "À noite", que tinha sido lançado em Novembro do ano passado, registando vendas superiores a 35 mil exemplares, o que o torna no seu disco mais vendido, depois de "Um homem na cidade" e "Ao vivo no Olympia de Paris".

Para este disco, o fadista convidou os poetas Maria do Rosário Pedreira, José Manuel Mendes, Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral, Luís Tinoco e Júlio Pomar a comporem versos para melodias conhecidas como "Fado cravo", "Mayer", "Vitória", "Laranjeira", "Marcha do Marceneiro", entre outras. Pomar, que é mais conhecido como um dos mais destacados pintores portugueses dos nossos dias, é igualmente autor da capa, o que torna o álbum num objecto ainda mais valioso.

O título do trabalho, "À noite", reflecte aquilo que Carlos do Carmo é: um homem da noite. É também quando o fado acontece e assim tem sido desde os seus 21 anos (actualmente, tem 67). E é igualmente por isso que a palavra "noite", a pedido do fadista, constitui como que uma ponte que une todos os poemas que canta.

Acompanham Carlos do Carmo neste "À noite" José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Marino Freitas (baixo).

Conhecer a voz de Carlos do Carmo é conhecer o fado. É a melhor banda sonora para uma incursão pela Lisboa típica à noite.


JN
 
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