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Câmara adapta cidade a deficientes e critica Governo pelos cortes nessa área
A Câmara de Espinho está a adaptar a cidade à circulação de cidadãos com mobilidade reduzida e, a esse propósito, o presidente da autarquia critica o Governo por cortes "inadmissíveis" no apoio a deficientes.
"Estamos a criar mobilidade para todos, porque as pessoas com mobilidade condicionada ou reduzida merecem um tratamento diferenciador e privilegiado por parte do Estado e, aqui em Espinho, essa ajuda ainda não estava devidamente assegurada", declarou o social-democrata Pinto Moreira à Lusa.
"Não consigo perceber como é que a Administração Central tem pré-disponibilidade para introduzir uma política de cortes nos apoios e subvenções a que legitimamente têm direito as pessoas portadoras de deficiência", acrescenta o autarca.
"Infelizmente, essas pessoas já são prejudicadas por razões que a natureza assim proporcionou", continua, "e a minha veia conservadora não aceita que a sua situação seja agravada por medidas tão limitadoras dos seus direitos sociais, quando o Estado continua a apoiar - embora com cortes - cidadãos que nunca produziram o que quer que seja que contribuísse para o desenvolvimento da sociedade".
Pinto Moreira refere situações concretas em que considera a postura do Governo "reprovável" e dá um exemplo: "Repugna-me a ideia de a Segurança Social não apoiar a aquisição de uma cadeira de rodas para um cidadão com paralisia cerebral, que recebe um ofício a dizer-lhe preto no branco que não será apoiado por falta de dinheiro para isso".
Quanto às medidas a implementar em Espinho, o presidente da Câmara revela que está já em curso a primeira fase de uma intervenção que, abrangendo a área entre as ruas 25 e 29, e as avenidas 8 e 20, prevê o rebaixamento de passeios e a homogeneização do piso dos passeios.
A empreitada integra também a sinalização tátil para invisuais, o que, na prática, consiste em criar junto às passadeiras uma área de piso em relevo que, em formato distinto do restante passeio, ajudará esses cidadãos a identificarem a localização das áreas de atravessamento.
Está também anunciada a eliminação de barreiras arquitetónicas no espaço urbano, a definição de acessos facilitados a edifícios de serviços públicos e o arranjo de outras situações pontuais, em que se justificam intervenções mais alargadas para correção dos atuais impedimentos à circulação para todos.
De forma distribuída pelas restantes fases do projeto verificar-se-á ainda a distribuição pelo concelho de cerca de 50 lugares de estacionamento para cidadãos portadores de deficiência, assim como a criação de uma plataforma digital que, disponível na página da autarquia, permitirá a essa comunidade específica consultar a lista de locais adequados às suas necessidades.
"Na prática", explica Pinto Moreia, "qualquer pessoa poderá verificar nessa plataforma qual o restaurante na cidade onde pode ir jantar, sabendo que esse local terá condições de mobilidade para a sua situação pessoal concreta".
O valor global do investimento nesta "readaptação de Espinho" ainda não está estimado, mas o presidente da Câmara garante que "tudo será financiado por verbas de jogo", sendo que a primeira fase da obra deverá estar concluída já em novembro.
Fonte: RTP