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Biodiversidade na agenda política até 2010

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Biodiversidade na agenda política até 2010

A convenção sobre a biodiversidade que teve lugar em Bona terminou hoje com a aprovação de metas para se tomarem medidas políticas sobre a gestão dos recursos naturais. Depois das alterações climáticas, os governos deparam-se com os efeitos que a perda da biodiversidade poderá vir a ter na economia.

“Passámos a ter um calendário e definições de etapas para que em 2010 haja um regime para a partilha equitativa dos recursos naturais” entre os países que os detêm e os países que os exploram, explicou Humberto Rosa, secretário de Estado do ambiente, ao PÚBLICO por telefone.

Segundo o relatório provisório que foi tornado público na convenção esta quinta-feira, até 2050 a perda de florestas, das reservas piscícolas e da biodiversidade vai reduzir o PIB mundial em sete por cento. A população com menos recursos será a mais afectada. Estes “valores provisórios” são muito importantes para se perceber “a dimensão da perda”, diz o secretário.

A aposta nos biocombustíveis para diminuir a emissão de gases com efeito de estufa também foi discutida. Apesar de ser uma das possibilidades para travar o aquecimento global e as alterações climáticas, a produção de combustíveis orgânicos é mais uma pressão sobre a biodiversidade, devido ao aumento da desflorestação para novos solos agrícolas.

“O impulso para os biocombustíveis visa a sustentabilidade e essa sustentabilidade tem que ter em conta a biodiversidade”, diz Humberto Rosa.

Portugal teve um papel importante para a criação de um modelo para a Conservação Internacional em Zonas de mar alto. Os “critérios dos Açores” foram a base para a produção de uma lista de condições para se criar estes espaços. “Todos os grandes oceanos serão zonas candidatas à conservação e o Atlântico não é excepção”, explica o secretário.

Uma das medidas decididas na convenção foi uma moratória contra a injecção de nutrientes nos oceanos para aumentar o crescimento de algas. O projecto tinha como finalidade combater o aquecimento global, já que o aumento do volume de algas retiraria CO2 das águas. Este CO2 ficaria preso na matéria orgânica depositada no fundo dos oceanos depois de as algas morrerem.

Esta medida tinha sido contestada por cientistas e ambientalistas que defendiam ser necessário fazer-se mais testes antes de se começar a adicionar quantidades de nutrientes para os oceanos.

Segundo o relatório a cada hora três espécies desaparecem da Terra. Vive-se o maior período de extinção dos últimos 65 milhões de anos. Espera-se que esta convenção faça da biodiversidade uma prioridade dos governos.


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