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As dificuldades de quem vive com SIDA
Portadores do vírus ainda têm muitas dificuldades em arranjar emprego ou obter crédito
A qualidade e a esperança de vida aumentaram 13 anos na última década para os infectados com VIH/SIDA graças aos novos tratamentos médicos, mas quem vive com o vírus em Portugal diz que a sociedade não acompanhou essa evolução, noticia a agência Lusa.
Um estudo internacional publicado na última edição da revista médica britânica «The Lancet» refere que o advento das novas terapias de combinação de anti-retrovirais, a partir de 1996, aumentou em 13 anos a esperança de vida dos seropositivos nos países desenvolvidos e tornou crónica o que antes era uma doença terminal.
«Mas para um portador de VIH/SIDA, as dificuldades em obter emprego ou crédito à habitação, por exemplo, são as mesmas que existiam quando a doença era considerada terminal», disse um seropositivo que soube da sua infecção há 21 anos.
Há uma melhoria na qualidade de vida dos infectados
Pedro Silvério Marques, 62 anos, reformado com carreira profissional na gestão de empresas, faz análises regularmente e segue disciplinadamente os novos tratamentos prescritos, que considera um «enorme salto em frente».
Kamal Mansinho, chefe do Serviço de Infecciologia do Hospital Egas Moniz, Lisboa, considera que «nunca se avançou tanto e em tão pouco tempo no tratamento de uma doença vírica como se avançou com o HIV».
«Sobretudo nos últimos três a quatro anos, em que diminuiu o número de fármacos a administrar», e quando «a um diagnóstico precoce se junta a adesão do doente a um plano de consultas, de acompanhamento e de tratamento», acrescentou.
Apenas um em cada dez portugueses infectados assume que é seropositivo
Segundo Eugénio Teófilo, médico do Hospital dos Capuchos, Lisboa, «não existe um grupo nacional em Portugal que permita confirmar as conclusões do estudo, mas a experiência da prática clínica vai nesse sentido».
«Os novos medicamentos que estamos a aplicar desde 1996 são realmente muito mais potentes e menos tóxicos do que os anteriores, permitindo controlar e reduzir significativamente a carga viral das pessoas infectadas, que assim podem trabalhar e fazer uma vida normal», acrescentou.
O mesmo se passa com Luís Mendão, outro seropositivo que falou sobre o que mudou na vida destas pessoas desde que começaram a ser usadas novas combinações de medicamentos destinadas a interferir com a capacidade de replicação do vírus.
«Sou um dos menos de dez portugueses que se assumem publicamente como seropositivos», disse Luís Mendão licenciado em bioquímica, para quem a discriminação e o estigma associados à doença se mantêm inalterados.
Deram-lhe um ano de vida mas já passaram 12 anos
«Embora em determinados meios se registe algum avanço na aceitação social dos seropositivos, isso não é a regra no mundo do trabalho e na vida corrente», frisou.
«Há trabalhadores que apesar de terem a mesma capacidade de trabalho dos colegas vêem os seus contratos não serem renovados apenas por existirem suspeitas de que é portador de VIH», acrescentou. Hoje com 50 anos, soube que era portador do vírus há 12, quando deu entrada com sida num hospital e os médicos lhe deram um ano de vida.
Fazendo fé no prognóstico, reformou-se aos 38 anos e começou a preparar-se para o seu fim anunciado. Todavia, e porque foi dos primeiros a beneficiar da nova classe de medicamentos combinados, faz uma vida activa normal e tem também carga viral imperceptível. «Cá estou, passados todos estes anos», diz, com evidente satisfação.
IOL
Portadores do vírus ainda têm muitas dificuldades em arranjar emprego ou obter crédito
A qualidade e a esperança de vida aumentaram 13 anos na última década para os infectados com VIH/SIDA graças aos novos tratamentos médicos, mas quem vive com o vírus em Portugal diz que a sociedade não acompanhou essa evolução, noticia a agência Lusa.
Um estudo internacional publicado na última edição da revista médica britânica «The Lancet» refere que o advento das novas terapias de combinação de anti-retrovirais, a partir de 1996, aumentou em 13 anos a esperança de vida dos seropositivos nos países desenvolvidos e tornou crónica o que antes era uma doença terminal.
«Mas para um portador de VIH/SIDA, as dificuldades em obter emprego ou crédito à habitação, por exemplo, são as mesmas que existiam quando a doença era considerada terminal», disse um seropositivo que soube da sua infecção há 21 anos.
Há uma melhoria na qualidade de vida dos infectados
Pedro Silvério Marques, 62 anos, reformado com carreira profissional na gestão de empresas, faz análises regularmente e segue disciplinadamente os novos tratamentos prescritos, que considera um «enorme salto em frente».
Kamal Mansinho, chefe do Serviço de Infecciologia do Hospital Egas Moniz, Lisboa, considera que «nunca se avançou tanto e em tão pouco tempo no tratamento de uma doença vírica como se avançou com o HIV».
«Sobretudo nos últimos três a quatro anos, em que diminuiu o número de fármacos a administrar», e quando «a um diagnóstico precoce se junta a adesão do doente a um plano de consultas, de acompanhamento e de tratamento», acrescentou.
Apenas um em cada dez portugueses infectados assume que é seropositivo
Segundo Eugénio Teófilo, médico do Hospital dos Capuchos, Lisboa, «não existe um grupo nacional em Portugal que permita confirmar as conclusões do estudo, mas a experiência da prática clínica vai nesse sentido».
«Os novos medicamentos que estamos a aplicar desde 1996 são realmente muito mais potentes e menos tóxicos do que os anteriores, permitindo controlar e reduzir significativamente a carga viral das pessoas infectadas, que assim podem trabalhar e fazer uma vida normal», acrescentou.
O mesmo se passa com Luís Mendão, outro seropositivo que falou sobre o que mudou na vida destas pessoas desde que começaram a ser usadas novas combinações de medicamentos destinadas a interferir com a capacidade de replicação do vírus.
«Sou um dos menos de dez portugueses que se assumem publicamente como seropositivos», disse Luís Mendão licenciado em bioquímica, para quem a discriminação e o estigma associados à doença se mantêm inalterados.
Deram-lhe um ano de vida mas já passaram 12 anos
«Embora em determinados meios se registe algum avanço na aceitação social dos seropositivos, isso não é a regra no mundo do trabalho e na vida corrente», frisou.
«Há trabalhadores que apesar de terem a mesma capacidade de trabalho dos colegas vêem os seus contratos não serem renovados apenas por existirem suspeitas de que é portador de VIH», acrescentou. Hoje com 50 anos, soube que era portador do vírus há 12, quando deu entrada com sida num hospital e os médicos lhe deram um ano de vida.
Fazendo fé no prognóstico, reformou-se aos 38 anos e começou a preparar-se para o seu fim anunciado. Todavia, e porque foi dos primeiros a beneficiar da nova classe de medicamentos combinados, faz uma vida activa normal e tem também carga viral imperceptível. «Cá estou, passados todos estes anos», diz, com evidente satisfação.
IOL