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Arte contemporânea lusófona ganha projecção internacional com "África.cont" de Lisboa

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Arte contemporânea lusófona ganha projecção internacional com "África.cont" de Lisboa

A arte africana contemporânea já "merecia" um centro de divulgação como o "África.cont",a inaugurar em Lisboa em 2012, para apoiar a projecção da produção artística do continente, disseram à Lusa pintores e escultores lusófonos.

Para o artista plástico moçambicano Malangatana, a iniciativa é bem vinda, mas o lugar da arte africana contemporânea deve ser ao lado da produzida na Europa ou Ásia.

"Aquilo que é de África deve ter lugar também na Gulbenkian ou outros centros de Arte Moderna (...) Muitas vezes tenho sentido que nós não cabemos numa galeria normal, por exemplo na Gulbenkian e outros centros de Arte Moderna, e não acho justo", disse à Lusa Malangatana, que apenas tinha ouvido ecos da criação do "Africa.cont".

O novo centro, defendeu, é "uma coisa de grande consciência", enquanto "lugar onde Moçambique, Angola ou Cabo Verde possam ver as suas obras expostas", mas também para a "tertúlia e o encontro, as discussões culturais"

"Não existe mais nada assim, actualmente, só o [Museu] de etnologia. Nada onde se pudesse contemplar não só o que é a arte ritual, mitológica, também a parte das artes actuais, a contemporaneidade", afirmou.

António Ole, artista plástico angolano, sublinhou as novas possibilidades para a divulgação das artes africanas, mas não a única.

"É uma como há muitas outras possibilidades e outras vias. Nos Estados Unidos, por exemplo, a maior curiosidade é saber o que se está a passar na arte contemporânea, não só de Angola, como de outros países do continente. Pode ser um contributo muito grande, só isso", disse à Lusa.

O artista angolano defendeu também que os próprios africanos apostem na criação dos seus próprios centros de divulgação, "porque as mega-exposições não deviam só passar-se no continente americano ou europeu".

Francisco Van-Dunem, artista plástico e director do Centro de Formação de Belas-Artes de Luanda, afirmou que uma iniciativa como o "África.cont", "já devia ter acontecido, mas nunca é tarde quando as coisas surgem para bem".

"Vai tambem contribuir para que alguns preconceitos que durante muitos anos reinaram em detrimento das artes africanas sejam esbatidos, preconceitos que muitos euro-ocidentais consideravam ou menosprezavam as artes em África", declarou.

Quanto ao facto de ser em Lisboa, acrescentou que "é uma mais valia para os PALOP, porque o relacionamento entre Portugal e Angola é de afectos", o que traduz "um grande avanço sobre os demais africanos".

A artista luso-cabo-verdiana Luísa Queiroz vê um passo positivo numa caminhada que deve passar pela escolha de "pessoas que venham com formação adequada para fazerem selecções das obras", até porque nas exposições de arte lusófona muitas vezes "são sempre os mesmos" artistas representados.

"Se quer ser um centro de arte africana, terá de fazer durante esses anos pesquisa do que é que existe nos países que estão interessados e também na aquisição das obras, (...) tem de ser uma coisa feita com tempo e qualidade (...) e não apenas para qualquer coisa por amiguismos e por estar perto e porque há interesses políticos", referiu à Lusa.

O moçambicano Xikhani foi surpreendido no seu país pela notícia da criação do centro, que disse "fazer muita falta".

"Era bom fazer uma colectiva de artistas africanos no meio dos lusos. Eu, se pudesse vinha já, para ficar aí alguns dias", adiantou à Lusa.

A criação do África.cont ("cont" de continente mas também de contemporâneo) foi anunciada oficialmente pelo governo na semana passada, e Lisboa assume o projecto como uma "aposta estratégica para a consolidação como um espaço euro-africano"

Irá albergar pintura, desenho e fotografia mas também cinema, música e literatura.



lusa
 
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