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Arquitecto português cego concebe soluções para banhos de mar seguros para deficiente

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Arquitecto português cego concebe soluções para banhos de mar seguros para deficientes

A praia do Paimogo, na Lourinhã, poderá tornar-se a primeira em Portugal a ter uma estrutura de apoio a banhos para deficientes, num projecto concebido pelo arquitecto Carlos Mourão Pereira a partir da experiência da sua cegueira recente.

Os projectos de "apoio a banhos, natureza e inclusividade", em que se incluem o projecto da Lourinhã e um projecto para a Lagoa de Melides, no concelho de Grândola, foram apresentados no pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Saragoça, Espanha.

O apoio a banhos concebido para a praia do Paimogo foi o primeiro do género a ser desenvolvido por Carlos Mourão Pereira, que o apresentou no Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque.

O objectivo do arquitecto é desenvolver uma forma de tornar os banhos de mar acessíveis e seguros a pessoas com deficiência motora ou visual, mas também a crianças ou pessoas com mobilidade reduzida em geral.

O arquitecto recorda que já existem cadeiras especiais que permitem aos deficientes motores tomarem banhos de mar, mas não o fazem de uma forma autónoma.

No caso dos cegos, "é pouco interessante ficar sentado numa cadeira", acrescentou.

"Na nossa costa, em que temos sempre muitas ondas, a arquitectura pode dar essa adequação funcional. Ao mesmo tempo, pode ser um espaço que permita uma exposição de conteúdos de botânica marinha", sustentou.

Depois de ter ficado cego, em 2006, o arquitecto interessou-se pela "referência acústica das ondas" e pelo potencial sensorial da vegetação marinha, ideias que aplicou em todos os projecto de apoio a banhos que concebeu.

No caso da Lourinhã, concebeu uma estrutura assente sobre antigos viveiros, com vários tanques, um deles maior, com comunicação para o mar.

"À volta desses tanque, está outro com uma quota mais baixa, para crianças, e outros tanques de quota mais elevada, que são tácteis, para expor conteúdos de botânica", explicou.

A proposta passa ainda por criar uma "área de estacionamento ao nível dos tanques, só para deficientes".

"O deficiente é assim completamente autónomo", sublinhou.

O projecto é ainda um estudo preliminar, mas Carlos Mourão Pereira garante que a autarquia local tem demonstrado interesse na sua concretização.

Depois da apresentação do projecto da Lourinhã, a Câmara Municipal de Grândola convidou-o para pensar uma solução para permitir banhos em segurança na Lagoa de Melides.

Como a água da lagoa ainda não tem qualidade para banhos, o arquitecto propôs uma delimitação em vegetação, um caniçal, que permite simultaneamente a filtragem, funcionando como um tanque biológico de tratamento da água.

"Numa primeira fase, a agua não é da lagoa, é de uma nascente muito próxima da lagoa", explicou.

Carlos Mourão Pereira considera que há "fortes potencialidades" destes projectos se concretizarem, assim como os que concebeu para o estrangeiro, nomeadamente Livorno, em Itália, Kostanjevia Krki, na Eslovénia, e Rheinfall Schaffausen, na Suiça.

Para o primeiro projecto que concretizar, o arquitecto conta já com apoio da Secil, que oferece o betão reciclado, e da Construtora Mesquita, que dá a obra.

"A nossa costa tem muito poucas intervenções a este nível. Muitas das piscinas não conseguem ter essa adequação, penso que seria muito importante haver essa adequação nas piscinas da orla costeira, porque são riquíssimas do ponto de vista sensorial e seriam muito mais seguras", afirmou.

A Expo 2008 reúne até 14 de Setembro num recinto de 25 hectares junto ao rio Ebro 105 países, sob o lema "Água e Desenvolvimento Sustentável" .

O pavilhão de Portugal aborda a relação hídrica com Espanha e os rios transfronteiriços, Tejo, Douro e Guadiana, que são simultaneamente as mais importantes bacias hidrográficas nacionais.

O espaço português já recebeu mais de 700 mil visitas desde a inauguração do certame, a 14 de Junho.




lusa
 
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