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Taiwan lança caças e coloca marinha em alerta face a incursões da China
Taiwan lançou caças, colocou a marinha em alerta e ativou sistemas de mísseis, face às movimentações de 34 aviões militares chineses e nove navios de guerra nas suas proximidades, como parte da estratégia de intimidação de Pequim.
A informação é do ministério da Defesa taiwanês.
A operação em larga escala do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China, surge numa altura em que Pequim se prepara para um possível bloqueio ou ataque total a Taiwan, o que tem suscitado grandes preocupações entre os líderes militares dos Estados Unidos, o principal aliado da ilha.
Num memorando enviado na sexta-feira passada, o general da Força Aérea dos Estados Unidos Mike Minihan pediu aos oficiais norte-americanos que estejam preparados para uma guerra contra a China, a partir de 2025, motivada por uma invasão chinesa de Taiwan.
Como chefe do Comando de Mobilidade Aérea norte-americano, Minihan tem uma compreensão apurada dos militares chineses. As suas observações refletem o apelo de outras altas patentes militares nos EUA para que o país esteja preparado para um conflito com a China.
O ministério da Defesa de Taiwan disse que 20 aviões militares chineses atravessaram, na terça-feira, a linha central no estreito de Taiwan, que há muito é uma zona tampão não oficial entre os dois lados, divididos desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota frente aos comunistas.
A China considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força para assumir controlo sobre a ilha.
As forças armadas de Taiwan "monitorizaram a situação (...) e reagiram às atividades" chinesas, informou hoje o ministério da Defesa.
A China tem enviado navios de guerra, bombardeiros, aviões de combate e aviões de apoio para o espaço aéreo perto de Taiwan quase diariamente, na esperança de esgotar os limitados recursos de defesa da ilha e reduzir o apoio à líder pró - independência do território, Tsai Ing-wen.
Aviões de combate chineses também confrontaram aviões militares dos EUA e dos seus aliados no espaço aéreo internacional, sobre os mares do Sul e do Leste da China, naquilo que Pequim descreveu como manobras perigosas e ameaçadoras.
Em agosto, a visita a Taipé da ex-presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi gerou fortes protestos por parte do governo chinês, que considerou a viagem uma provocação e lançou exercícios militares em torno da ilha, numa escala sem precedentes.
A China tem ameaçado repetidamente retaliar contra países que procuram ter laços mais próximos com Taiwan, mas as suas tentativas de intimidação desencadearam uma reação em países europeus, no Japão e nos Estados Unidos, que aumentaram a frequência dos contactos oficiais com Taipé.
Taiwan vai realizar eleições presidenciais no próximo ano, mas a aproximação entre Pequim e o Partido Nacionalista do território, pró -- unificação, não conseguiram encontrar ressonância entre os eleitores taiwaneses, que nas últimas duas eleições deram a vitória ao Partido Democrático Progressista, que defende a independência do território.
Taiwan tem respondido às ameaças da China através da compra de mais armamento defensivo aos EUA e do estabelecimento de laços oficiosos com outros países, aproveitando as suas indústrias de alta tecnologia e sistema democrático.
O serviço militar obrigatório para homens foi também alargado, de quatro meses para um ano, e os inquéritos na opinião pública mostram elevados níveis de apoio ao aumento dos gastos com a defesa, para resistir às ameaças da China.
Em entrevista à agência Lusa, o almirante Lee Hsi-ming, ex-vice-ministro da Defesa de Taiwan, defendeu a mobilização e treino da população taiwanesa, para resistir a uma "iminente" invasão chinesa através de táticas de guerra assimétrica.
"Temos que nos libertar do pensamento convencional em matéria de Defesa", frisou Lee Hsi-ming, que é também investigador no Project 2049 Institute, grupo de reflexão com sede em Washington, destacando que a ilha, de quase 24 milhões de habitantes, deve manter "prontidão de combate", face a um conflito que considerou "iminente".
O militar admitiu um aumento da preocupação em Taiwan com questões de defesa e segurança, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Taiwan deteta 26 aeronaves e nove navios de guerra chineses
O Ministério da Defesa de Taiwan disse ter detetado hoje 26 aeronaves e nove navios de guerra chineses à volta da ilha, um dia depois de Pequim ter anunciado o fim das suas principais manobras militares.
A China mobilizou "aviões militares esta manhã e atravessou a linha mediana do norte, centro e sul", informou o Ministério da Defesa, no dia em que teve início uma visita de uma semana de deputados canadianos ao território.
A China considera Taiwan parte do seu território, para onde os nacionalistas se refugiaram após perderem para os comunistas a guerra civil chinesa em 1949. Uma das prioridades de Pequim passa por assegurar a reunificação, pela força, se necessário.
A demonstração de força surge após a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, se ter encontrado na quarta-feira na Califórnia com o líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, uma iniciativa à qual Pequim prometeu responder.
O Ministério da Defesa de Taiwan disse ter detetado 12 navios de guerra e 91 aviões no último dia da operação dos exercícios militares que começaram no sábado.
A Presidente taiwanesa condenou os exercícios militares na segunda-feira, afirmando que a China estava a utilizar a relação entre Taipé e Washington como "desculpa (...), criando instabilidade em Taiwan e na região".
"Embora o exercício militar da China tenha terminado, o nosso exército e a nossa equipa de segurança nacional vão continuar a permanecer nos seus postos e a defender o país", disse Tsai numa publicação na rede social Facebook.
China diz que "concluiu com sucesso" exercícios militares junto a Taiwan
A China anunciou hoje que "concluiu com sucesso" os exercícios militares em torno de Taiwan, iniciados no sábado em resposta ao encontro da líder da ilha com o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano.
O Comando Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular informou, através da sua conta na rede social Wechat, que "testou, conscientemente, as suas forças em condições reais de combate" e "cumpriu várias tarefas de preparação para combater".
"As tropas estão prontas para lutar a qualquer momento", disse o porta-voz do comando, Shi Yi, acrescentando que as forças estão preparadas para "esmagar resolutamente qualquer forma de separatismo e tentativas de interferência estrangeira".
As manobras, agendadas até hoje, centraram-se em simular um "bloqueio marítimo" à ilha, informou o Ministério da Defesa chinês, através de um comunicado publicado no seu portal oficial.
O exército chinês enviou dezenas de caças e navios de guerra para próximo de Taiwan, nos últimos dias, após o encontro na passada quarta-feira entre a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, e o líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos, o republicano Kevin McCarthy, na Califórnia.
A China disse ainda que mobilizou caças com "munição real" e o porta-aviões Shandong para executarem "ataques simulados" em alvos importantes de Taiwan.
As embarcações militares chinesas estavam ativas no noroeste, sudoeste e leste de Taiwan, cercando o território insular.
O Ministério da Defesa de Taiwan condenou as manobras da China, descrevendo-as como "um ato irracional que põe em risco a segurança e a estabilidade regional".
No final da Segunda Guerra Mundial, Taiwan integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek.
Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, no continente chinês.
Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.
Taipé encara exercícios militares como "falta de responsabilidade"
A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, condenou hoje as últimas manobras militares do Exército Popular de Libertação da China no Estreito da Formosa afirmando que Pequim demonstra "falta de responsabilidade".
Os exercícios militares da República Popular da China que terminaram na segunda-feira e que se prolongaram durante três dias foram uma "manobra de retaliação" contra o encontro entre a chefe de Estado de Taiwan (República da China) e Kevin McCarthy da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos.
O encontro entre Tsai Ing-wen e McCarthy ocorreu na semana passada na Califórnia, Estados Unidos.
"Como Presidente, represento o nosso país no mundo quer durante visitas (oficiais) aos países aliados quer em escalas nos Estados Unidos ou em contactos com os nossos amigos internacionais. Isto acontece há muitos anos e corresponde às expectativas do povo de Taiwan", disse Tsai numa declaração escrita difundida hoje em Taipé.
"A China usou isto [o encontro na Califórnia] como pretexto para dar início a exercícios militares, criando instabilidade no Estreito de Taiwan. Isto não é uma atitude responsável por parte da maior nação da região", acusou.
A República Popular da China encara os contactos internacionais de Taiwan como iniciativas no sentido da independência formal da ilha cuja soberania é reclamada desde a vitória dos comunistas na Guerra Civil chinesa que terminou em 1949.
As forças nacionalistas, lideradas por Chiang Kai-Shek (1887-1975), refugiadas na ilha estabeleceram na Formosa a República da China provocando tensões que se prolongam desde o final da Guerra Civil visto que Pequim pretende a reunificação do território mesmo que seja "preciso utilizar a força".
O Exército Popular de Libertação da República Popular da China reiterou as ameaças durante os últimos exercícios.
"As tropas no 'teatro de operações' estão prontas para lutar a qualquer momento e podem lutar a qualquer momento para esmagar qualquer forma de 'independência de Taiwan' assim como as tentativas de interferência estrangeira", disse o comando oriental do Exército Popular de Libertação em comunicado.
Nos últimos anos, a República Popular da China aumentou a presença militar no Estreito da Formosa usando aviões de combate com frequência diária e realizando manobras junto às águas territoriais e no espaço aéreo de Taiwan.
No passado mês de agosto, após a visita de Nancy Pelosi, na altura presidente do Congresso dos Estados Unidos, a República Popular da China realizou ensaios com mísseis balísticos ao largo de Taiwan tendo também enviado navios de guerra para o limite das águas internacionais.
Na mesma altura, Pequim ordenou disparos de mísseis que sobrevoaram a República da China e que acabaram por cair nas águas da Zona Económica Exclusiva do Japão provocando o agravamento das tensões na região.
As últimas manobras militares concentraram-se no desempenho dos meios aéreos da República Popular da China tendo Taipé indicado que mais de 200 aviões de combate de Pequim foram mobilizados.
Na segunda-feira, o Ministério da Defesa de Taiwan disse que registou a passagem de 91 aviões de combate da República Popular da China ao largo da ilha.
A CCTV, estação de televisão de Pequim, citando o Exército Popular de Libertação, disse que os exercícios simularam navegação de combate e a neutralização de alvos no mar.
Apesar do final das manobras, na segunda-feira, o Ministério da Defesa de Taipé disse hoje que oito navios de guerra da República Popular da China mantêm-se ao largo de Taiwan.
Entretanto, a chefe de Estado de Taiwan pediu hoje para a população da República da China ignorar o que considerou "desinformação" sobre os meios de defesa da ilha nacionalista.
China anuncia "exercício com fogo real" junto à fronteira com Myanmar
A China anunciou hoje "exercícios conjuntos de fogo real" no lado chinês da fronteira com o Myanmar (antiga Birmânia), para "testar a mobilidade e a capacidade de ataque conjunto" das suas tropas.
O porta-voz do Comando do Teatro do Sul do Exército de Libertação Popular (PLA), Tian Junli, declarou em comunicado que os exercícios anuais vão organizar as forças terrestres e aéreas para testar as suas capacidades de incapacitação, bloqueio e ataque conjunto.
"As tropas do Comando do Teatro do Sul do PLA estão sempre prontas para lidar com várias emergências e salvaguardar resolutamente a soberania nacional e a estabilidade das fronteiras, bem como a segurança das vidas e propriedades das pessoas", disse o porta-voz.
A China e o Myanmar partilham uma fronteira de 2.129 quilómetros e, embora Pequim tenha aumentado a sua influência após o golpe de Estado que pôs fim a uma década de transição democrática no país vizinho, a sua relação com a junta militar é complexa, uma vez que alguns rebeldes têm uma longa história de alianças étnica, económica e militar com a segunda maior economia do mundo.
A junta militar está no poder desde o golpe de Estado de 1 fevereiro de 2021, que depôs o governo da líder pró-democracia e prémio Nobel da Paz em 1991 Aung San Suu Kyi.
No ano passado, três navios da marinha chinesa participaram também em exercícios navais conjuntos, numa altura em que a insegurança fronteiriça entre os dois países tem vindo a aumentar e a suscitar preocupações em Pequim.
China faz exercício com 2 porta-aviões (há um 3.ª a caminho).
Liaoning e Shandong são dois porta-aviões que trabalharam em conjunto num exercício no mar da China. Há um terceiro navio que está a ser submetido a testes.
A China realizou o seu primeiro exercício militar com os seus dois porta-aviões operacionais no contestado Mar do Sul da China.
A informação foi avançada esta quinta-feira pela imprensa estatal chinesa, citada pela agência France-Presse.
A mesma fonte não especificou quando decorreram os exercícios com os navios de guerra, denominados Liaoning e Shandong - embora tenham adiantado que a missão naval se sobrepôs aos feridos públicos, que aconteceram entre o final de setembro e outubro.
Os exercícios que aconteceram "na área do Mar do Sul da China" tiveram como um objetivo "aperfeiçoar e melhorar a capacidade de combate do sistema de formação de porta-aviões".
Nas redes sociais, e na galeria acima, é possível também ver um vídeo gravado e emitido pela CCTV, emissora estatal chinesa. As imagens mostram jatos a descolar e a aterrar nas embarcações. Segundo a CCTV houve também exercícios no lugar no Mar Amarelo e no Mar da China Oriental.
Que navios são estes?
O Liaoning, de construção soviética, é o porta-aviões mais antigo da China, tendo sido colocado em serviço em 2012. O mesmo participou este mês em exercícios militares de grande escala realizados em torno de Taiwan, no que Pequim enquadrou como um treino para um bloqueio da ilha auto-governada.
Pequim afirmou hoje ser "perfeitamente normal" que o porta-aviões chinês "Liaoning" navegasse perto de Taiwan, depois de Taipé ter anunciado que o navio iria passar pelo estreito que separa a ilha da China continental.
Lusa | 15:07 - 23/10/2024
O Shandong entrou em serviço em 2019, enquanto um terceiro porta-aviões, o Fujian, está a ser submetido a testes no mar.