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“A igualdade dos sexos é um mito”

Satpa

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“A igualdade dos sexos é um mito”

Em Portugal, Itália ou nos restantes 15 países onde se encontra publicada. Sveva Casati Modignani é sinónimo de êxito. Os 10 milhões de livros já vendidos são o seu maior cartão de visita, mas a escritora italiana prefere destacar antes a relação de proximidade que mantém com quem a lê.

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foto Joana Bourgard/JN
“A igualdade dos sexos é um mito”


O mais recente romance da autora, "Feminino singular" (Porto Editora), cujo lançamento motivou a sua vinda ao nosso país, vendeu 50 mil exemplares em menos de duas semanas.F

eminista assumida, considera que a discriminação sexual ainda é uma realidade. "As mulheres são extraordinárias", defende.

Mantém uma relação forte com as leitoras. Tem consciência de que a vêem não só como autora mas ainda como amiga e conselheira?

Tenho a sorte de ser uma autora amada pelos leitores. É uma espécie de 'feeling' que atravessa as minhas histórias e encontra eco em quem me lê. É o que se passa em Itália, em Portugal e nos restantes países onde me lêem.

A universalidade dos temas que aborda explica esse sucesso?

A existir algum motivo, terá que ver com a simplicidade do que escrevo. Há escritores que escrevem páginas belíssimas, mas não contam histórias. Eu conto histórias. E há outro dado importante: os leitores tendem a identificar-se com os meus protagonistas. São figuras que não se situam no bem nem no mal, mas têm um bocadinho de cada um de nós. Há cartas de leitoras que asseguram que as protagonistas de determinado romance meu são elas. Essa identificação faz com que se envolvam na narrativa.

É a realidade o que mais a inspira no processo criativo?

Parto sempre de uma ideia para contar a história. Nos meses seguintes não escrevo. Limito-me a recolher elementos e a pesquisar. O objectivo é familiarizar-me com as personagens. Quando a história soar clara na mente, é chegada a altura de escrever.

As mulheres dos seus livros são fortes e independentes. É mais gratificante, como autora, trabalhar com mulheres?

Sim, porque a personalidade feminina é muito mais complexa. E sofisticada também. É muito interessante narrar um livro sob o ponto de vista feminino. Não escrevo sobre mulheres porque as conheço melhor. É possível viver 20 anos ao lado de uma e, mesmo assim, ela continua a ser indecifrável. Os homens, pelo contrário, são unidimensionais.

Apesar do peso crescente das mulheres na sociedade, acredita que há um caminho a percorrer até que se atinja a igualdade?

A igualdade entre o homem e a mulher é um mito. Actualmente, as mulheres têm dois empregos: fora de casa e dentro dela. Mesmo a vida de uma mulher que se considera insignificante daria por certo um grande romance. Ser educada como mulher, casar-se, constituir família, criar os filhos... É uma tarefa ingrata que só nós podemos fazer. A autoconfiança das mulheres tem que ser elevada. Basta vermos a nossa coragem.

As mulheres que criam os filhos sozinhas são heroínas?

No meu romance "Feminino singular", sobre a maravilha que é a maternidade, conto a história de uma mulher que tem que criar três filhos sem a ajuda de ninguém e, no entanto, sai-se lindamente, Quantos homens poderiam fazer o mesmo que ela faz? As mulheres são seres extraordinários.

Tem opinião formada sobre a adopção de crianças por casais homossexuais?

Porque não? Se há tantas crianças carentes de afecto e um casal do mesmo sexo capaz de estar à altura das exigências, não me choca mesmo nada.

A emancipação da mulher não tem criado nos homens uma crise de identidade?

Não, os homens não andam nada confusos! Sempre foram peritos em usar e abusar do nosso sentido de generosidade.

Mas não reconhece que, nas mentes masculinas conservadoras, as mudanças recentes ainda custem a ser assimiladas?

Mas qual mudança? No campo do trabalho, as mulheres ganham menos do que os homens. Nos postos de liderança, seja nos governos ou multinacionais, as mulheres são quase excluídas.

A verdadeira revolução está ainda por fazer?

Não será uma revolução, mas antes um reconhecimento. Isto implica respeito pela dignidade. As capacidades femininas têm que ser reconhecidas na exacta medida do que já acontece com os homens. O mundo irá funcionar melhor quando os dois sexos forem colocados no mesmo nível.

Admite a possibilidade de atribuir o papel de protagonista a um homem num próximo romance?

Não só admito como estou a trabalhar nisso. É uma história verdadeira: um emigrante italiano nos Estados Unidos que construiu uma fortuna e viveu experiências incríveis.

Seguiu Manuel Alberto Valente quando ele abandonou a ASA e ingressou na Porto Editora. Isso significa que, para si, a amizade é mais importante do que tudo?

Não é tanto a amizade como a fidelidade. Quando me aconselharam a mudar - assegurando-me que iria ser bem tratada - não hesitei um instante sequer e sinto agora que tomei a opção certa.


JN
 
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