Era uma vez um pai, uma mãe e um menino. Quando o menino nasceu, os pais ficaram muito contentes. Andavam com ele ao colo, dia e noite, davam-lhe imensos beijos, erguiam-no ao ar e fingiam que era um passarinho, voando no céu azul. Depois fizeram uma grande festa, onde esteve muita gente. Todas as pessoas perguntavam:
— Como é que se chama?
Viam-lhe os olhos, mexiam-lhe nas mãos, no cabelo, ainda muito curto e macio, e depois exclamavam:
— Que olhos tão lindos! São azuis! E os dedos, tão perfeitinhos!
E eram mesmo. O menino tinha os olhos azuis da mãe e as mãos lindas como as do pai.
O tempo foi passando e o menino crescendo. E, quando chegou a altura de falar, repararam que nem uma palavra lhe saía da boca. Os pais, como sabiam que todas as coisas se podem dizer, iam passear com ele e mostravam-lhe as árvores, as flores, as pedras, os pássaros, chamando-os pelo nome, para o menino repetir e aprender.
Mas o menino não repetia. Parecia que não prestava atenção a nada e vivia fechado dentro de si mesmo. Só uma vez, quando estava a dormir, é que disse em voz alta, quase aos gritos:
— Mãe, mãe!
Foi a única coisa.
Então, quando o médico informou os pais que o menino nunca mais falaria, ficaram muitíssimo tristes. Sentiram como que um relâmpago na cabeça e trovoadas muito grandes. Pareceu-lhes que o Sol já não brilhava e era sempre de noite. Mas não desanimaram. O pai só disse:
— Tenho que aprender tudo de novo!
E começou a aprender as coisas todas, de outro modo.
O menino gostava muito de água. Mas não havia fontes onde ele pudesse brincar. Então o pai fez uma fonte lindíssima, toda fresca e luminosa. A bica parecia mesmo que deitava brilhantes e estrelas. E o menino brincava muito. Metia as mãos na água, atirava com ela ao ar, molhava a cara e o cabelo. Parecia que gostava mesmo, porque sorria devagarinho e ficava muito calmo.
O menino gostava muito de árvores, de se sentar à sombra delas e de lhes mexer na casca e nas folhas. Mas não havia árvores no quintal. Então, o pai começou a plantá-las. Espetava um pau no chão e, quase logo a seguir, começava a crescer, a deitar folhas e flores e frutos.
O menino gostava muito de pássaros, essas coisinhas de músicas e penas que voam por aí, no ar. Mas passavam muito alto. Às vezes, pousavam no chão. Mas se o menino corria para eles, para os segurar na mão, fugiam. Então, o pai colocou caixinhas de madeira nos ramos das árvores, para servirem de ninhos e, passado pouco tempo, já as árvores estavam cheias de pássaros a cantar, saltando de raminho em raminho. Depois, construiu uma gaiola muito grande, tão grande que os pássaros voavam lá dentro, à vontade. Então o menino aproximava-se e via os passarinhos mesmo ali perto, a alisarem as penas, a beberem água, a comerem sementes, os olhos muito vivos e os bicos cheios de música.
O menino gostava muito de ouvir tilintar as campainhas. E o pai arranjou-lhe brinquedos que faziam sons bonitos, uns fininhos, outros grossos. Ele abanava-os e ficava ali imenso tempo, a escutar atentamente, enquanto um sorriso lhe vinha ter aos lábios.
E depois desse menino apareceram muitos outros que também gostavam de fontes, de árvores e pássaros e sons bonitos. E via-se que gostavam, porque um sorriso lhes vinha ter aos lábios e ficavam muito calmos.
Foi assim que os pais aprenderam tudo de novo. Aprenderam que as coisas mesmo importantes são as que deixam contentes os meninos.
— Como é que se chama?
Viam-lhe os olhos, mexiam-lhe nas mãos, no cabelo, ainda muito curto e macio, e depois exclamavam:
— Que olhos tão lindos! São azuis! E os dedos, tão perfeitinhos!
E eram mesmo. O menino tinha os olhos azuis da mãe e as mãos lindas como as do pai.
O tempo foi passando e o menino crescendo. E, quando chegou a altura de falar, repararam que nem uma palavra lhe saía da boca. Os pais, como sabiam que todas as coisas se podem dizer, iam passear com ele e mostravam-lhe as árvores, as flores, as pedras, os pássaros, chamando-os pelo nome, para o menino repetir e aprender.
Mas o menino não repetia. Parecia que não prestava atenção a nada e vivia fechado dentro de si mesmo. Só uma vez, quando estava a dormir, é que disse em voz alta, quase aos gritos:
— Mãe, mãe!
Foi a única coisa.
Então, quando o médico informou os pais que o menino nunca mais falaria, ficaram muitíssimo tristes. Sentiram como que um relâmpago na cabeça e trovoadas muito grandes. Pareceu-lhes que o Sol já não brilhava e era sempre de noite. Mas não desanimaram. O pai só disse:
— Tenho que aprender tudo de novo!
E começou a aprender as coisas todas, de outro modo.
O menino gostava muito de água. Mas não havia fontes onde ele pudesse brincar. Então o pai fez uma fonte lindíssima, toda fresca e luminosa. A bica parecia mesmo que deitava brilhantes e estrelas. E o menino brincava muito. Metia as mãos na água, atirava com ela ao ar, molhava a cara e o cabelo. Parecia que gostava mesmo, porque sorria devagarinho e ficava muito calmo.
O menino gostava muito de árvores, de se sentar à sombra delas e de lhes mexer na casca e nas folhas. Mas não havia árvores no quintal. Então, o pai começou a plantá-las. Espetava um pau no chão e, quase logo a seguir, começava a crescer, a deitar folhas e flores e frutos.
O menino gostava muito de pássaros, essas coisinhas de músicas e penas que voam por aí, no ar. Mas passavam muito alto. Às vezes, pousavam no chão. Mas se o menino corria para eles, para os segurar na mão, fugiam. Então, o pai colocou caixinhas de madeira nos ramos das árvores, para servirem de ninhos e, passado pouco tempo, já as árvores estavam cheias de pássaros a cantar, saltando de raminho em raminho. Depois, construiu uma gaiola muito grande, tão grande que os pássaros voavam lá dentro, à vontade. Então o menino aproximava-se e via os passarinhos mesmo ali perto, a alisarem as penas, a beberem água, a comerem sementes, os olhos muito vivos e os bicos cheios de música.
O menino gostava muito de ouvir tilintar as campainhas. E o pai arranjou-lhe brinquedos que faziam sons bonitos, uns fininhos, outros grossos. Ele abanava-os e ficava ali imenso tempo, a escutar atentamente, enquanto um sorriso lhe vinha ter aos lábios.
E depois desse menino apareceram muitos outros que também gostavam de fontes, de árvores e pássaros e sons bonitos. E via-se que gostavam, porque um sorriso lhes vinha ter aos lábios e ficavam muito calmos.
Foi assim que os pais aprenderam tudo de novo. Aprenderam que as coisas mesmo importantes são as que deixam contentes os meninos.