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In Memoriam
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É considerado o elo perdido da evolução. Até há bem pouco tempo, a ciência não conseguia deslindar o mistério que terá levado os organismos vivos a saírem dos meios aquáticos – de onde se presume ser originária a vida na Terra – e a fixarem-se em terra firme, em busca de outros ares (literalmente) e de uma variação importante no cardápio.O enigma só se resolveu quando os biólogos descobriram certos peixes dotados de estrutura óssea e, sobretudo, de pulmões.
Estes anfíbios evoluíram para um animal com forma de peixe e de quatro patas, que se movimentava à vontade fora de água. Era um tetrápode, antepassado de todos os animais de quatro patas e também nosso ancestral distante.
Para entender um pouco mais sobre essa passagem – afinal, o elo já não é perdido – uma equipa de investigadores australianos decidiu estudar três espécies de peixes com estrutura óssea e pulmões que habitam em águas doces no seu país, além de um espécime norte-americano. Afinal, os dados à disposição de espécies desaparecidas vinham de esqueletos. Os músculos necessários para a locomoção não se conservam, daí que os cientistas tivessem de se virar para espécies existentes.
Os peixes dotados de pulmões – os chamados dipnóicos –, escusado será dizer, são capazes de respirar fora de água e de aí passar boas temporadas. As barbatanas pélvicas servem-lhes de patas, tal como já acontecia com o nosso antepassado comum, o peixe anfíbio que, há cerca de 400 milhões de anos, se aventurou para terra e que nunca mais voltou ao mar.
Os que sobraram até aos dias de hoje servem de pista útil, e a equipa centrou-se também em duas espécies de tubarão da Austrália para dar um rumo mais seguro à investigação. «Começámos por examinar a forma como as diferentes espécies destes peixes geraram os músculos das suas barbatanas pélvicas, que são os ancestrais dos membros posteriores», explica Peter Currie, o coordenador do projecto, ao site especializado Science Daily.
A equipa modificou geneticamente alguns exemplares destes peixes em laboratório para identificar o modo como as células precursoras dos músculos evoluíam desde a formação do corpo dos dipnóicos. E descobriu que essa evolução era particularmente diferente nos peixes dotados de pulmões, quando comparada com os que não têm capacidades anfíbias.
Esse percurso celular até à formação de pulmões e membros posteriores é, então, a chave para se perceber o nosso antepassado comum. E por ‘comum’ leia-se um peixe ancestral que decidiu deixar de o ser. «Os seres humanos são apenas peixes modificados», conclui Currie.
SOL