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No que diz respeito aos salmonídeos, a pesca com mosca artificial é a pesca por excelência, pois não se resume simplesmente numa técnica ou conjunto de equipamentos. Ela é também, e acima de tudo, uma atitude, uma filosofia de pesca, um código de valores e preceitos morais conducentes a uma postura muito bem definida perante questões importantes e actuais, tais como o ambiente e a preservação das espécies. Muito se tem escrito sobre o tema e muito mais se escreverá ainda. Pelo que, corremos sempre o risco de transformar qualquer regra numa visão pessoal e tendenciosa da questão. Excelentes pescadores de mosca produziram grandes escritores - como é o caso de Gary Lafontaine ou Vincent Marinaro – muitos dos quais, infelizmente, já não pescam ao nosso lado. Dei início, com este artigo, a uma série de textos, mais ou menos técnicos, mais ou menos filosóficos, cujo objectivo é o de conduzir com mão amiga o mosqueiro aprendiz que se inicia agora nos desalentos e prazeres desta escola de vida. Dada a vastidão do assunto começaremos por uma abordagem, simples e em traços gerais, ao equipamento, não esquecendo o bolso de cada um e, por isso mesmo, tentando balizar os custos da aquisição de material dentro de certos limites. Futuramente, os vários aspectos e problemáticas serão objecto de análises mais profundas e detalhadas. Cana
Cada roca com seu fuso e cada pescador com a sua cana. Esta é uma verdade incontestável. E se o hábito faz o monge, já o mesmo não se poderá dizer acerca do pescador. De facto, possuir e usar canas sofisticadas, construídas com as mais modernas tecnologias e materiais da era espacial, e que custam muitas dezenas de contos, não fará de nós melhores pescadores. Não basta ter nas mãos um bom instrumento para que se lhe possa arrancar da alma a mais bela das melodias. Um Stradivarius soaria horrivelmente nas mãos de um executante medíocre. Do mesmo modo, uma cana excelente, não ajudará a pescar mais e melhor se o instrumentista não for capaz de a dominar com mestria. Tal não significa, contudo, que se deve optar pela cana mais barata que encontremos à venda no mercado. O barato sai caro...! e há certos pormenores e características de uma cana que não devem ser menosprezados aquando da sua compra. Refiro-me à qualidade dos acabamentos, com especial destaque para os encaixes, ataduras, passadores, cortiça do punho e rosca do porta-carretos. Não menos importante, é a forma como a transportamos. O saco que geralmente é fornecido com cada cana não é suficiente para o efeito, uma vez que não oferece protecção contra choques violentos ou portas de automóvel. Faça um favor a si próprio e adquira (caso não venha já incluído no preço da cana) um bom tubo de alumínio para o efeito. A pesca com mosca seca é sempre a modalidade escolhida pelos principiantes, quer pela sua espectacularidade, quer pela facilidade em capturar a primeira truta. Assim, aconselha-se a compra de uma cana para linha nº 4 com um tipo de acção média–rápida.
Linha
Não existe uma linha universal, que sirva para tudo. Muitos pescadores defendem o uso de uma linha flutuante DT-5 (nº 5 duplo fuso). Invocam duas razões para tal: com essa linha conseguimos lançar moscas pequeníssimas e extremamente leves, tais como uma mosca seca nº20, mas também moscas grandes e pesadas do género ninfa nº12 bem lastrada ou um pequeno streamer. Por outro lado, é uma linha económica pois quando estiver uma ponta gasta e estragada poderemos sempre virar a linha ao contrário, ou seja, usar a outra ponta que continua como nova. É uma argumentação falaciosa que sacrifica a eficácia face ao peso do dinheiro. O problema que se coloca é que não existe uma linha que faça tudo bem. Logo, se queremos pescar com mosca seca e lançar bem, a melhor opção será a de usar uma linha desenhada para a pesca com mosca seca. Uma boa linha flutuante WF nº4 cumprirá na perfeição o que se lhe pedir. O mesmo se diz da pesca com moscas mais pesadas que é o caso das ninfas e dos streamers. Neste caso, a solução passa por uma flutuante WF nº6. A questão da configuração da linha, duplo fuso (DT) ou peso à frente (WF), levanta, para o aprendiz, alguns problemas, e se atendermos ao orçamento então o melhor será mesmo o duplo fuso, pelas razões já enunciadas. Contudo, sugiram no mercado novos perfis, bastante agradáveis nas suas prestações, que combinam o melhor dos dois mundos. São as chamadas linhas triangulares. Pessoalmente, uso um conjunto constituído por uma linha triangular TT-3 e uma cana de 2.30m (7.6”) de acção média-rápida que se comporta às mil maravilhas. As linhas para pesca com mosca significam sempre um desembolso importante para o pescador, e por isso mesmo, merecem sempre o máximo de cuidados com a sua manutenção. É um material relativamente frágil e que deve deslizar suavemente por entre os anéis da nossa cana. Gastar mais algum na compra de um produto de limpeza e lubrificação de linhas significará proteger o investimento feito. Caso contrário, nenhuma linha durará mais que duas temporadas seguidas.
Linha de mosca perfeitamente acondicionada na bobine original.
Carreto
Sobre esta peça fundamental pouco há a dizer, no âmbito deste artigo, é claro! Pelo menos quando se trata de escolher o nosso primeiro carreto. A minha preferência vai sempre para o carreto mais leve que consiga encontrar, dentro do orçamento geral que à partida tenha definido. Ao fim de uma jornada de pesca o nosso braço estará destroçado. Por isso, todo o peso que se consiga eliminar é sempre uma benesse para o pescador. Comprar vários carretos é uma opção cara, mas existem no mercado carretos relativamente baratos para a qualidade de construção que apresentam e que, ainda por cima, oferecem, incluída no preço, uma ou duas bobinas extra. Tente, na medida do possível, conjugar o factor peso com um bom travão de disco. Este ser-lhe-á imprescindível se tentar aventurar-se pela pesca de barbos com mosca!!
Uma solução económica: Três bobines pequenas e baratas
para o mesmo carreto.
À ponta da nossa linha de mosca iremos atar o leader. Alguns preferem, por uma questão de comodidade, usar um conector para o efeito. De facto, o uso deste pedaço de nylon entrançado permite-nos trocar de leader num instante. Eu uso-o e recomendo-o, e vamos deixar para os puristas a discussão sobre o efeito nefasto que ele possa ter nos nossos lançamentos. Um leader é um troço de monofilamento de nylon, em forma de fuso, que é atado ao conector ou à ponta da nossa linha, ao qual depois é atado o terminal ou Tippet. Existem em vários tamanhos e espessuras. A regra geral é: para pescas finas (condições de água cristalina ou águas paradas), leaders compridos e finos, o que equivale, por exemplo, a um leader de 3,60m na espessura 5X. Para pescas mais pesadas (águas movidas ou moscas pesadas), leaders mais curtos e grossos, ou seja, 2,25m na espessura 3X. Tenha sempre presente que todas estas medidas, assim como muitas das sugestões que aqui são adiantadas, são fornecidas a título meramente exemplificativo, servindo portanto como ponto de referência para o pescador iniciado. Como em tudo, as regras foram feitas para serem quebradas e cada um encontrará, com o acumular de experiências, as soluções que considerar mais adaptadas às várias situações de pesca que irá encontrar. O terminal consiste num pedaço de monofilamento, relativamente fino - entre 0,20 e 0,10 – que serve exclusivamente para atarmos as nossas moscas e fazer com que elas pousem na superfície da água com a delicadeza e a graciosidade de um insecto natural. Geralmente, a sua longitude varia entre os 50cm e os 100cm. Conforme vamos trocando de mosca, este terminal irá ficando cada vez mais curto, pelo que chegará a um ponto em que seremos obrigados a montar um terminal novo. As marcas e preços destes três componentes são muito variados, há-os para todos os gostos e carteiras. Opte por marcas conceituadas que se especializaram neste tipo de artigos. Poderá adquirir o monofilamento para terminais em bobinas de 100m ou 25m (estas são ideais para trazer nos bolsos do colete). Concluindo: um conector para a linha e mais dois de reserva, não vá o diabo tecê-las...! três leaders, um comprido e fino para pescas difíceis. Um médio que será o leader todo-o-terreno, e um algo mais curto e grosso que será utilizado com moscas mais pesadas do tipo streamer. Quanto a terminais, três bobinas: 0,12 0,15 e 0,20.
Ponta da linha com conector e leader montados. Conector extra e bobine para tippets.
Caixa de Moscas
As moscas são como moscas! Quero dizer, em tempo recorde, verá a sua colecção de moscas aumentar a um ritmo vertiginoso. Portanto, um conselho: compre uma boa caixa e de grande capacidade. As de alumínio com 8, 16 ou 32 compartimentos são óptimas. Custam os olhos da cara, mas não se irá arrepender com toda a certeza. Quanto à colecção de moscas o melhor que tem a fazer é seguir o conselho de uma loja especializada na pesca com mosca. Fica o aviso, em Portugal estas lojas são raras, mas existem. Ou então, esperar pelos próximos artigos onde esta questão específica será abordada com mais detalhe.
Colete
Nem todos os coletes são pensados e feitos para pescar com mosca. Não pense o leitor que bastarão meia dúzia de bolsos. Durante a acção de pesca estamos, geralmente, dentro de água. É imperioso ter tudo à mão de uma forma prática e rápida. Evitam-se dissabores, irritações e, quem sabe, a perda da captura da nossa vida. Quais são então as características de um bom colete? Deverá ser curto para que possamos vadear, ou seja, entrar pela água dentro até à cintura ou mais sem que tudo aquilo que transportamos nos bolsos fique transformado em papa. Disponibilizar pelo menos 6 bolsos à frente com medidas normalizadas (4 para caixas de 16x9x3 e 2 para caixas de 11x9x2). Vários bolsos interiores e um bolso enorme nas costas que servirá para o transporte do impermeável. Vários anéis para pendurarmos corta- fios, tesoura e sei lá que mais. Um pedaço de pele de borrego e um laço porta canas. Não menos importante, os fechos dos bolsos deverão ser de qualidade irrepreensível (a maior parte das vezes teremos que os abrir e fechar com uma mão apenas).
Vadeador e Botas
A pesca de trutas e outros salmonídeos é quase sempre feita em águas cujas temperaturas não são muito confortáveis para o ser humano. Se tivermos em conta que, na maior parte das ocasiões, é necessário entrar na água para assim conseguir uma melhor colocação perante o peixe que se alimenta à nossa frente, então o melhor é estar bem protegido e de modo a que nos possamos deslocar sem a preocupação de meter água pelas botas. A solução ideal é o vadeador. Peça rara e dispendiosa, há alguns anos atrás, mas que, graças à concorrência comercial e também devido ao aperfeiçoamento havido nos métodos de fabrico e de pesquisa científica feita ao nível dos materiais, é hoje uma peça de vestuário perfeitamente ao alcance de qualquer um. A aposta vai para os que são fabricados com material que deixam passar o ar mas não a água. Os de neoprene, mais baratos, são um verdadeiro tormento assim que começa a primavera. E no verão são bons para emagrecer! Por outro lado, o nosso clima, não justifica a protecção extra contra o frio que o neoprene oferece. Estes vadeadores que “respiram” deverão ser usados com uma calça interior em forro polar ou até mesmo um simples pijama de flanela para os dias mais quentes.
Chapéu e óculos Por último, uma regra de segurança pessoal: nunca pesque sem óculos. Deste modo evitará acidentes com moscas que passam rente à nossa cara a uma velocidade de muitos km por hora, correndo o risco de atingir gravemente os nossos olhos. Um chapéu é sempre bem vindo nas horas de calor e, se possuir pala, protege-nos dos raios de luz reflectidos pela água.