
É caso para se dizer que a tradição ainda é o que era. Pelo menos na freguesia de Morgado, em Montalegre, os populares fazem questão de dar continuidade aos seus usos e costumes como a tradicional festa da matança do porco. Ontem e anteontem, cerca de duas centenas de pessoas juntaram-se num grande convívio e repetiram a tradição, mais uma vez.
Luís Miranda, dono de uma unidade de restauração em Braga, o ‘Sabores do Barroso’, foi o mentor da iniciativa, precisaente para “garantir a continuidade da tradição”, assim explicou ao jornal ‘Correio do Minho’.
Desde há alguns anos a esta parte que decide promover uma ‘matança do porco’ tal e qual como era antigamente em Morgado - a terra de onde brotaram as suas origens, que teima em não perder.
Todos os anos, junta um ‘punhado’ de amigos e, com os habitantes daquela freguesia montalegrense, protagonizam a festa da ‘matança do porco’, recuperando a história dos usos que, outrora, faziam parte do di-a-a-dia dos portugueses nas localidades mais marcadas pela ruralidade.
“Nós fazemos esta ‘matança’ todos os anos. Fazemos questão de fazer tudo como antigamente porque queremos, antes de mais, a criação do porco ao longo do ano, que só no Inverno se mataria para consumo, e por outro lado, queremos manter esta tradição, que é também um dia de festa e de convívio entre amigos”, sublinhou Luís Miranda.
Apesar de o costume se manter, a ‘matança do porco’, actualmente, já não se faz sem o olhar atento e vigilante do técnico veterinário, que acompanha todos os momentos do processo, de forma a assegurar a higiene e segurança alimentares.
Quem nunca falta à festa é Marco Coelho, de 30 anos, da Póvoa de Lanhoso, sempre para assistir e até participar no ancestral costume. “Este ano atrasei-me e não participei em todo o processo, mas cá estou sempre para ver”, comentou.
“É uma pena que estes costumes mais antigos estejam a desaparecer”, lamentou. “Eu desde criança que participo nesta festa, que sempre se cumpriu na minha família”.
O salão de festas de Morgado serviu de cenário para o convívio, que decorreu sempre com música tradicional portuguesa.
Depois de os festeiros se terem deliciado com os miúdos do porco, desde os rojões ao fígado e sangue cozinhados à maneira das avós, as provas continuaram a fazer-se durante todo o dia do passado sábado e domingo (ontem), confeccionando-se a feijoada branca e o cozido à portuguesa, regado com um vinho maduro.
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