Asticot colado "Saiba como prepará-lo"

renatos

GF Bronze
Membro Inactivo
Entrou
Mar 15, 2010
Mensagens
38
Gostos Recebidos
0
Um pouco de história....
Provavelmente com mais de uma vintena de anos, surgiu de Inglaterra uma novidade técnica para a pesca em águas interiores. Esta novidade prendia-se com a engodagem, sobretudo todas aquelas que fossem feitas com asticot. Até á altura, a engodagem feita com estas larvas resumia-se apenas á utilização solta, sendo lançadas á mão, com o auxilio de uma fisga ou incorporados no engodo de farinha.
No entanto, qualquer um destes métodos tinha as suas limitações; com a engodagem á mão só alcançávamos cerca de 6, 7 metros, correndo o risco de ao tentarmos superar esta marca nos arriscarmos a dispersar em demasia o bicho para além da área pretendida; com o auxilio de uma fisga a coisa vai um pouco melhor pois permite-nos atingir confortavelmente a casa da vintena de metros com uma precisão e dispersão muito controlável, no entanto este método tem a desvantagem de nos impedir de colocar as larvas num local exacto em situação de corrente mais forte e/ou de profundidades mais elevadas. A incorparação de asticot nas bolas de engodo também é uma solução viável mas limitada, uma vez que se incorporar-mos larvas em demasia num engodo que se pretende que abra lentamente, isso não acontece, pois estes "rebentam" a bola, por vezes antes de esta atingir o fundo.

O milagre.....
No entanto como referimos, chegou de Inglaterra um pó milagroso com o qual podiamos colar os asticots húmidos, permitindo colocá-los a grandes distâncias. De lá para cá o uso da cola tem sido cada vez mais comum para os pescadores em Portugal. A propósito, quem não se lembra dos tempos em que em Coruche se pescavam barbos apenas com sementes? Pois é, este local foi apenas um dos muitos locais onde o bicho colado ganhou naturalmente o seu espaço. Tudo isto são vantagens mas existem alguns pescadores que não dominam por completo esta técnica.

Que cola?
No decurso dos últimos anos tem-se assistido ao desenvolvimento de muitas substâncias adaptadas á colagem do asticot, sendo no entanto duas as mais usadas. A primeira, mais antiga e também a mais barata é a cola digamos "normal" derivada do amido de milho por acção de ácidos diluidos. Trata-se de uma substância amarelada, de sabor adocicado. Solúvel, usa-se como substância adesiva na preparação de colas, acabamentos de tecidos e peles, para engrossar massas colorantes ou tintas para impressão.
O segundo tipo foi descoberto mais recentemente pelos pescadores e trara-se da goma arábica, que se apresenta sob a forma de um pó branco, muito mais fino e de origem natural, utilizado mais coumente na confecção de doces, pastilhas elásticas, mas também na industria farmaceútica na producção de cápsulas e outos medicamentos.

As diferenças...
Independentemente de colarem anbas o asticot, fazem-no de forma diferente na forma de actuar uma vez que têm propriedades quimicas diferentes e fisicas diferentes. Assim, a cola normal tende a reter água fazendo com que se descole mais fácilmente, enquanto a goma arábica tem uma acção completamente diferente pois tende a perder água e potanto a secar mais. Por outras palavras, se colamos bichos com a cola dita "normal" e o dia é muito húmido ou se apresenta chuvoso, o que acontece é que se cairem algumas gotas de água no recipiente com os bichos colados, a cola começa a descolar-se e, passados poucos minutos temos as larvas completamente descoladas e um conteúdo bastante "meloso" no recipiente o que pode tornar complicada a realização de bolas de bichos; O mesmo pode acontecer em situação inversa como é aquela de dias de sol , se deixarmos o recipiente ao sol, os bichos começam a desidratar e essa água que perdem actua da mesma forma atrás referida, descolando os bichos. Quando ambos os casos acima retratados ocorrem,o mais certo é que apesar da adicção de cola, podemos continuar sem resolver o problema. Com a goma arábica estes problemas são inferiores, mas perdendo humidade com o tempo seco no Verão, os bichos começam a descolar-se porque enchugam por completo, sendo aqui necessário controlar o teor de água da mistura. Conclui-se daqui que a goma arábica é mais adequada para situações de Inverno com chuva e muita humidade ou para dias de Verão muito quentes e secos, ficando a cola normal destinada a situações menos extremas. Á quem ainda tente arranjar um bom compromisso, misturando ambas as colas, usando geralmente uma combinação de 70% de goma arábica e 305 de cola normal no Inverno, e em condições de clor uma proporção de 50/50.

A saber...
Por vezes torna-se bastante aborrecido "trabalhar" a nossa cana fruto de termos as mãos ou até mesmo a cana com restícios de cola. Para evitar que fiquemos com as palmas das mãos com resíduos de cola, recomenda-se que estas enfarinhem bem antes de mexermos nos bichos colados. Para o efeito podemos utilizar farinha de milho,Maizena ou outra qualquer farinha de grão, podendo assim formar bolas mais compactas evitando que os bichos se colem enquanto os preparamos.


A saber...
Um pouco de cola no engodo ( 30 a 40 gramas por quilograma de engodo) permite obter uma mistura muito compacta e resistente á degradação por parte da corrente, permitindo assim colocar uma maior quantidade de asticots na mistura. Da mesma forma e em maiores proporções, podemos obter uma mistura muito elástica e ao mesmo tempo rígida que nos permitirá pescar com pequenas bolas de engodo no anzol.


Passo a passo...
Os bichos devem estar completamente limpos da serradura que lhes colocam para os manterem enchutos: Devem ser devidamente peneirados, retirando ao mesmo tempo os asticots mortos e casters. Não sendo bem efectuada esta operação correremos mais riscos de a cola não ter o efeito desejado.

Adicionar a quantidade de cola de acordo com a forma como quisermos colar os bichos, desde que esta seja espalhada e depois misturada de forma homogénea.

Humedece-los de imediato com um vaporizador, para que a água seja distribuida de igual forma e na mesma quantidade por todas as larvas.

Passados cerca de 2 minutos deve misturar-se tudo de forma enérgica e homogénea com as mãos, como se de engodo se tratasse,permitindo da mesma forma avaliar se a mistura precisa de mais água.

Deixar repousar entre 5 a 10 minutos. Ao fim dos quais os bichos se encontram perfeitamente colados, prontos a realizar bolas tão compactas quanto queiramos.

Os recipientes...
Para colar adequadamente os asticots deveremos antes de mais ter ao dispor um recipiente rigido tal como um balde, ou bacia, em plástico ou mesmo uma amassadeira de engodo, desde que disponham do seu interior liso.
Os motivos são, primeiro, o termos de trabalhar a mistura de forma enérgica devendo as paredes serem rígidas e robustas, em segundo lugar, porque a lavagem depois do uso é muito mais fácil não permitindo que a cola fique seca em zonas menos lisas. De evitar as bacias quadradas ou rectangulares com arestas, pois nestas acumulam-se restícios de cola, não permitindo que esta se distribua homogeneamente pelos bichos.
 
Topo