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O gato Bigodes só pensa em ninhos, penas e pardais.
Mal uma pessoa se distrai, aí está ele em cima das árvores … - Olha um ninho de pardais!
O Bigodes dá um salto, mas escorrega e faz cair um ninho. Ouvem-se uns pios assustados.
- Que vem a ser isto?
- Foi o gato que fez cair o ninho.
- Não perdes pela demora, grande malvado! - exclama a Anita. Dentro do ninho está um pássaro muito pequeno.
- Vamos chamar-lhe Pierrô.
- é engraçado este canário! - diz o Pantufa.
- É um pardal, seu pateta! … e muito novinho.
- Não é nada bonito. Mal se aguenta nas patas e quase não tem penas.
- Mas há-de voar quando crescer.
- Está a tremer com frio e fome- comenta a Anita. -Temos de tratar já dele.
Levá-lo para casa? Alimentá-lo?
Sim, mas… mas como?
O pai disse: “Não se cria um pardaL como um rato branco …” - Onde o havemos de pôr? No velho chapéu de palha. A avezinha orfã pia de fome.
- Posso deitar-lhe a comida num pires?
- Nem penses nisso! As aves deitam a comida dentro do bico dos filhos - explica o pai.
- Quantas vezes por dia?
- Os pássaros pequenos estão sempre com fome.
- Mas o que é que come um pardal? Alface?-
- Nada disso! Este é ainda demasiado pequeno … Prepara-lhe uma gema de ovo cozido e carne picada.
- E como é que lhe havemos de dar a comida?
- Experimentem com um palito.
- E o que é que bebe?
- Água, claro … algumas gotas apenas.
- Não vamos conseguir! - lamenta-se a Anita. - E quem há-de tratar do Pierrô quando acabarem as férias?
- Um de nós de cada vez. Cá nos havemos de arranjar.
Silêncio completo … até se ouviria o voar de uma mosca!
O pardal dorme, satisfeito, dentro do chapéu. Deixem-no em paz!
- Não acordes a minha avezinha! - indigna-se o Pantufa.
- Ela não é tua - reponta o gato. Fui eu que a vi primeiro!
- Desaparece! Não tens nada que fazer aqui!
- Está ‘bem, está bem! Tanta complicação por causa de um pardaleco …
As semanas vão passando e o pardal ganha forças.
- Querido Pierrô, quando é que voas?
Ele já se aguenta bem nas patinhas e saltita por todo o lado. Quando se cresce começa-se a ser curioso. E o Pierrô quer conhecer tudo… e dá bicadas nos dedos da Anita.
As asas desenvolvem-se e as penas tornam-se mais bonitas. O Pierrô alisa-as com o bico.
- Um pardal é engraçado! Não pára um segundo - comenta o Pantufa.
Não está ninguém em casa e o Pierrô foge para o jardim. Corre, corre a bater as asas.
E chega à capoeira todo esbaforido.
- Parece-me que já posso voar!
- Nada disso, nada disso! -responde a galinha. -Não passas de um pintainho pretensioso!
- E tu uma velha gorda.
- Mas que grande atrevido! - exclama o galo. - Onde é que tu moras?
- Na cozinha da Anita.
- Na cozinha? … Que local tão estranho para um pardal viver!
O Pierrô está cada vez mais esperto. Diverte-se a arreliar o canário.
- Em que pensas, canarinho?
- Não tens nada com isso.
- O que foi que comeste para ficares tão amarelo?
- E tu tão pardacento … Nem sequer sabes assobiar!
- Assobiar? E para quê?
- De qualquer modo, eu não tenho medo do gato!
- Quando é que acabam com a discussão? - pergunta a Anita.
O Pierrô continua a crescer. E faz progressos: as suas asas estão cada vez mais fortes.
Mudou tanto que já não parece o mesmo. Os vizinhos da Anita vieram vê-lo.
- Tem ar de malandro, com os olhos tão brilhantes! - Não tens medo que ele fuja, Anita?
Daqui a pouco já sabe voar … não vais poder aguentá-lo dentro de casa.
- Noutro dia fugiu para a capoeira - diz a Anita -, e voltou sozinho. Conhece bem o caminho. - Quando souber voar vai ser pior!
- Se eu estendera mão, virá poisar nela?-pergunta a Rita.
- Porque não? O Pierrô não é nada tímido!
Ninguém se mexe, à espera que ele se decida.
Mas o Pierrô desapareceu sem dar satisfações … Esvoaça por baixo das cadeiras e no átrio. Estará na cozinha, ou no quarto de banho? Nada disso … está debaixo da mesa da sala de jantar!
Já é noite. São horas de dormir.
- Onde estará o Pierrô?
- Não está em casa - afirma o irmão da Anita. Saem de casa e começam a procurar no jardim. Pesquisam em todos os recantos.
Pierrô, Pierrô, onde estás? Talvez o Bigodes …
Mas o Bigodes não sabe nada.
O pai diz sempre:
“Um pardal é um pássaro muito simpático mas voa por todo o lado … Além disso, é imprudente e muito frágil! E depois, o Pierrô não tem experiência …”
A Anita não consegue dormir e pensa:
“Se chove de noite, o Pierrô vai molhar-se todo … E vai perder-se no escuro …”
E fica à espera, muito preocupada.
- Ele acaba por voltar! - afirma o Bigodes.
Mas quem pode acreditar no gato, com os seus pezinhos de lã e olhos maliciosos?
Na manhã seguinte, na cozinha.
Que barulho será este dentro do armário?
Toc, toc, toc … A Anita abre os dois batentes da porta.
E … adivinhem quem está a dar bicadas numa caçarola? O Pierrô, claro!
- Pierrô! … Corremos tudo à tua procura!
Que sorte! Encontraram o pardal. Fora o estouvado do irmão da Anita que o fechara no armário, por distracção. E se tivesse sido no frigorífico?
Só lhes digo que o Pierrô escapou de boa! …
Mas são horas de ir para a escola.
A Anita monta na bicicleta … e a caminho!
o Pierrô segue-a, batendo as asas como um louco: - Já sei voar, já sei voar …
- Volta para casa, meu atrevido!
Na escola, as alunas sentam-se nos seus lugares. Como está bom tempo, deixaram a janela aberta. Oxalá que o Pierrô … Começa a lição.
- Como se calcula a superfície de um rectângulo?
- Multiplicando o comprimento pela largura … Ouvem-se murmúrios e risinhos abafados.
- Que vem a ser isso? - pergunta a professora.
- Minha senhora, está um pássaro dentro da sala!
- Um pássaro? … Donde teria vindo?
- É o pardal da Anita.
- Seguiu-me até à escola -justifica-se a Anita. - E entrou pela janela. Não consegui fazê-lo voltar para trás …
A professora escorraça o pardal e fecha a janela.
- Não quero pardais dentro da sala! O Pierrô já está suficientemente forte e deve viver em liberdade.
Às quintas-feiras há aula de desenho.
Desta vez, a professora sugeriu:
- Desenhem uma ave …
- Uma ave? É fácil quando se conhece bem … A Anita foi a primeira a terminar o desenho.
E pensa: “A professora tem razão. Está certo ter em casa um pardalito caído do ninho. Podemos cuidar dele, aquecê-lo, alimentá-lo… Mas agora que o Pierrô não pára, é preferível que se desembarace sozinho. É mais natural.”
A partir desse dia, o Pierrô já não arrelia o canário nem se esconde debaixo da mesa da sala de jantar. Alimenta-se de grãos e voa no jardim com uma palhinha no bico. Toma banho no tanque e espaneja-se na poeira. Por vezes vem comer migalhas na mesa da varanda e beber água na fonte…
Espia o gato Bigodes, que o vigia…
A Anita tem orgulho nele.
Pierrô tornou-se um autêntico pardal muito esperto.
FIM DO LIVRO
Mal uma pessoa se distrai, aí está ele em cima das árvores … - Olha um ninho de pardais!
O Bigodes dá um salto, mas escorrega e faz cair um ninho. Ouvem-se uns pios assustados.
- Que vem a ser isto?
- Foi o gato que fez cair o ninho.
- Não perdes pela demora, grande malvado! - exclama a Anita. Dentro do ninho está um pássaro muito pequeno.
- Vamos chamar-lhe Pierrô.
- é engraçado este canário! - diz o Pantufa.
- É um pardal, seu pateta! … e muito novinho.
- Não é nada bonito. Mal se aguenta nas patas e quase não tem penas.
- Mas há-de voar quando crescer.
- Está a tremer com frio e fome- comenta a Anita. -Temos de tratar já dele.
Levá-lo para casa? Alimentá-lo?
Sim, mas… mas como?
O pai disse: “Não se cria um pardaL como um rato branco …” - Onde o havemos de pôr? No velho chapéu de palha. A avezinha orfã pia de fome.
- Posso deitar-lhe a comida num pires?
- Nem penses nisso! As aves deitam a comida dentro do bico dos filhos - explica o pai.
- Quantas vezes por dia?
- Os pássaros pequenos estão sempre com fome.
- Mas o que é que come um pardal? Alface?-
- Nada disso! Este é ainda demasiado pequeno … Prepara-lhe uma gema de ovo cozido e carne picada.
- E como é que lhe havemos de dar a comida?
- Experimentem com um palito.
- E o que é que bebe?
- Água, claro … algumas gotas apenas.
- Não vamos conseguir! - lamenta-se a Anita. - E quem há-de tratar do Pierrô quando acabarem as férias?
- Um de nós de cada vez. Cá nos havemos de arranjar.
Silêncio completo … até se ouviria o voar de uma mosca!
O pardal dorme, satisfeito, dentro do chapéu. Deixem-no em paz!
- Não acordes a minha avezinha! - indigna-se o Pantufa.
- Ela não é tua - reponta o gato. Fui eu que a vi primeiro!
- Desaparece! Não tens nada que fazer aqui!
- Está ‘bem, está bem! Tanta complicação por causa de um pardaleco …
As semanas vão passando e o pardal ganha forças.
- Querido Pierrô, quando é que voas?
Ele já se aguenta bem nas patinhas e saltita por todo o lado. Quando se cresce começa-se a ser curioso. E o Pierrô quer conhecer tudo… e dá bicadas nos dedos da Anita.
As asas desenvolvem-se e as penas tornam-se mais bonitas. O Pierrô alisa-as com o bico.
- Um pardal é engraçado! Não pára um segundo - comenta o Pantufa.
Não está ninguém em casa e o Pierrô foge para o jardim. Corre, corre a bater as asas.
E chega à capoeira todo esbaforido.
- Parece-me que já posso voar!
- Nada disso, nada disso! -responde a galinha. -Não passas de um pintainho pretensioso!
- E tu uma velha gorda.
- Mas que grande atrevido! - exclama o galo. - Onde é que tu moras?
- Na cozinha da Anita.
- Na cozinha? … Que local tão estranho para um pardal viver!
O Pierrô está cada vez mais esperto. Diverte-se a arreliar o canário.
- Em que pensas, canarinho?
- Não tens nada com isso.
- O que foi que comeste para ficares tão amarelo?
- E tu tão pardacento … Nem sequer sabes assobiar!
- Assobiar? E para quê?
- De qualquer modo, eu não tenho medo do gato!
- Quando é que acabam com a discussão? - pergunta a Anita.
O Pierrô continua a crescer. E faz progressos: as suas asas estão cada vez mais fortes.
Mudou tanto que já não parece o mesmo. Os vizinhos da Anita vieram vê-lo.
- Tem ar de malandro, com os olhos tão brilhantes! - Não tens medo que ele fuja, Anita?
Daqui a pouco já sabe voar … não vais poder aguentá-lo dentro de casa.
- Noutro dia fugiu para a capoeira - diz a Anita -, e voltou sozinho. Conhece bem o caminho. - Quando souber voar vai ser pior!
- Se eu estendera mão, virá poisar nela?-pergunta a Rita.
- Porque não? O Pierrô não é nada tímido!
Ninguém se mexe, à espera que ele se decida.
Mas o Pierrô desapareceu sem dar satisfações … Esvoaça por baixo das cadeiras e no átrio. Estará na cozinha, ou no quarto de banho? Nada disso … está debaixo da mesa da sala de jantar!
Já é noite. São horas de dormir.
- Onde estará o Pierrô?
- Não está em casa - afirma o irmão da Anita. Saem de casa e começam a procurar no jardim. Pesquisam em todos os recantos.
Pierrô, Pierrô, onde estás? Talvez o Bigodes …
Mas o Bigodes não sabe nada.
O pai diz sempre:
“Um pardal é um pássaro muito simpático mas voa por todo o lado … Além disso, é imprudente e muito frágil! E depois, o Pierrô não tem experiência …”
A Anita não consegue dormir e pensa:
“Se chove de noite, o Pierrô vai molhar-se todo … E vai perder-se no escuro …”
E fica à espera, muito preocupada.
- Ele acaba por voltar! - afirma o Bigodes.
Mas quem pode acreditar no gato, com os seus pezinhos de lã e olhos maliciosos?
Na manhã seguinte, na cozinha.
Que barulho será este dentro do armário?
Toc, toc, toc … A Anita abre os dois batentes da porta.
E … adivinhem quem está a dar bicadas numa caçarola? O Pierrô, claro!
- Pierrô! … Corremos tudo à tua procura!
Que sorte! Encontraram o pardal. Fora o estouvado do irmão da Anita que o fechara no armário, por distracção. E se tivesse sido no frigorífico?
Só lhes digo que o Pierrô escapou de boa! …
Mas são horas de ir para a escola.
A Anita monta na bicicleta … e a caminho!
o Pierrô segue-a, batendo as asas como um louco: - Já sei voar, já sei voar …
- Volta para casa, meu atrevido!
Na escola, as alunas sentam-se nos seus lugares. Como está bom tempo, deixaram a janela aberta. Oxalá que o Pierrô … Começa a lição.
- Como se calcula a superfície de um rectângulo?
- Multiplicando o comprimento pela largura … Ouvem-se murmúrios e risinhos abafados.
- Que vem a ser isso? - pergunta a professora.
- Minha senhora, está um pássaro dentro da sala!
- Um pássaro? … Donde teria vindo?
- É o pardal da Anita.
- Seguiu-me até à escola -justifica-se a Anita. - E entrou pela janela. Não consegui fazê-lo voltar para trás …
A professora escorraça o pardal e fecha a janela.
- Não quero pardais dentro da sala! O Pierrô já está suficientemente forte e deve viver em liberdade.
Às quintas-feiras há aula de desenho.
Desta vez, a professora sugeriu:
- Desenhem uma ave …
- Uma ave? É fácil quando se conhece bem … A Anita foi a primeira a terminar o desenho.
E pensa: “A professora tem razão. Está certo ter em casa um pardalito caído do ninho. Podemos cuidar dele, aquecê-lo, alimentá-lo… Mas agora que o Pierrô não pára, é preferível que se desembarace sozinho. É mais natural.”
A partir desse dia, o Pierrô já não arrelia o canário nem se esconde debaixo da mesa da sala de jantar. Alimenta-se de grãos e voa no jardim com uma palhinha no bico. Toma banho no tanque e espaneja-se na poeira. Por vezes vem comer migalhas na mesa da varanda e beber água na fonte…
Espia o gato Bigodes, que o vigia…
A Anita tem orgulho nele.
Pierrô tornou-se um autêntico pardal muito esperto.
FIM DO LIVRO