Carina fracturou a coluna
Autópsia de jovem de 21 anos desaparecida confirma morte por acidente de viação
TERESA CARDOSO E NUNO MIGUEL MAIA
A autópsia efectuada ao corpo de Carina Ferreira concluiu que a jovem de Lamego teve morte imediata na sequência de uma fractura da coluna. As lesões detectadas são compatíveis com o acidente que conduziu o carro ao fundo de uma ravina, na A24.
Quando os inspectores de uma equipa especial da Polícia Judiciária (PJ) do Porto encontraram, na passada segunda-feira, o cadáver da desaparecida ainda com o cinto de segurança colocado, no seu Peugeot 106, logo se desenhou a forte possibilidade do acidente.
Só que não estava determinada a concreta causa da morte, pelo que ainda se colocava a possibilidade teórica de intervenção de terceiros.
O exame médico-legal veio a confirmar a morte como consequência do acidente, mas em especial da fractura da coluna, uma zona muito sensível, crucial mesmo quanto ao funcionamento geral do organismo.
Conforme noticiou o JN, presumivelmente, para a ocorrência do acidente no passado dia 1 de Maio, viatura conduzida por Carina Ferreira seguia em velocidade excessiva ou pelo menos o suficiente para embater no talude da A-24, numa zona em que não havia "rails".
Depois, o Peugeot ganhou balanço e voou por cima de uma cerca destinada a impedir o acesso a animais, caindo na ravina. Parou cerca de 30 metros à frente. O automóvel ficou do avesso e já estava coberto por alguns arbustos, estado em que foi encontrado por inspectores da PJ, que andavam, a pé, a pesquisar aquela zona há vários dias.
O local onde foi encontrado o corpo situa-se na estrada Lamego-Peso da Régua e na zona em que, pela última vez, foram activadas as células dos telemóveis de Carina Ferreira, que ia para uma festa cubana no Clube de Caça e Pesca da Régua.
A família da vítima do acidente não quis presenciar as operações de resgate do corpo.
Cerimónia com oito padres
A igreja de Santa Cruz, em Lamego, foi ontem pequena para receber as centenas de pessoas que se associaram às exéquias fúnebres de Carina Ferreira. Universitários, desportistas, militares e gente anónima juntaram-se à família num último adeus.
José Ferreira, o pároco da freguesia da Sé que presidiu à cerimónia litúrgica, ao lado de mais sete sacerdotes, falou da "angústia e incerteza" da família que durante 37 dias não soube o paradeiro da filha.
"Sentimos muito a perda de alguém que é ceifado prematuramente. Mas a vida é muito precária, muito frágil. Está sempre presa por um fio muito ténue que se pode quebrar a qualquer momento".
O sacerdote reconheceu ainda, na homilia, que Lamego "tem sido assolado por uma série de acontecimentos que assombraram a nossa vida quotidiana", numa alusão ao caso do estudante que morreu ao cair de uma varanda em de Mar, Espanha.